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PM usa minicâmera contra black blocs

Estratégia passou a ser adotada pela polícia em junho, quando teve início a série de manifestações em São Paulo

Intenção é garantir imagens próprias dos atos, para apurar --ou contrapor-- eventuais acusações de abuso

GIBA BERGAMIM JR. ANDRÉ MONTEIRO DE SÃO PAULO

Capuz no rosto e cercado de câmeras de celulares ligadas, o anarcopunk se dirige a homens fardados: "Fascista", grita aos policiais militares alinhados diante do prédio da Assembleia Legislativa.

Com spray de pimenta e pistola.40 no cinturão e sem dizer uma palavra, um policial olha friamente para o rapaz. E filma também.

O policial agora tem uma nova "arma": uma minicâmera acoplada ao peito para registrar os manifestantes nos protestos que ocorrem toda semana em São Paulo desde o início de junho.

Trata-se de uma nova estratégia da PM, mas não só para tentar identificar os black blocs --grupo que protesta depredando prédios públicos e privados.

ESTRATÉGIA

No foco de uma profusão de filmadoras nas mãos de manifestantes e da Mídia Ninja, policiais passaram a usar os equipamentos para garantir suas próprias imagens de eventuais confrontos e se defender de acusações de abuso dos manifestantes.

Isso porque dezenas de vídeos de ações violentas de policiais durante manifestações em junho passado foram colocados no YouTube.

Desde 2009, a PM registra, em vídeo, eventos oficiais, manifestações e rebeliões, captando inclusive imagens que são transmitidas do helicóptero Águia para o comando da corporação.

Mas só agora agora PMs que atuam nos confrontos decidiram usar a tecnologia das filmadoras portáteis.

QUANTO MAIS, MELHOR

"Quanto mais imagens registrarmos, melhor", disse o tenente Giampaolo Gianquinto, figura frequente nos protestos da região central. Ele é um dos responsáveis por negociar os trajetos das manifestações com as lideranças de movimentos.

"Uso para me proteger também. Se alguém me acusar de abuso, tenho como provar o contrário", disse um policial que atuava na frente da Assembleia em agosto e não quis se identificar.

Os vídeos, porém, também podem ser editados, já que os PMs não mantêm a câmera ligada todo o tempo.

Segundo a corporação, além de fazer "estudo de caso", as filmagens servem também para se "contrapor" com imagens feitas por outras pessoas no protesto.

"Estas [filmagens de manifestantes], editadas, não retratam os fatos na sua totalidade", diz a PM.

A ideia é "fazer prova" a favor do PM se ele for acusado injustamente. "Da mesma maneira que possibilita que o PM seja punido, no caso de cometer ato ilegal", diz a PM.

PM, SIM; P2, NÃO

Jaqueta de couro e cabelo raspado nas laterais no estilo militar, Roberto Caetano, 49, observa de perto o grupo prestes a queimar uma catraca e um boneco representando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) durante os protestos de 14 de agosto.

"Esse cara é P2", disse um inquieto anarcopunk, suspeitando que se tratava de um PM infiltrado no protesto.

Caetano é policial militar, sim. Tenente do Corpo de Bombeiros, ele nega, porém estar ali para observar o ato para repassar informações à PM. "Estou aqui como cidadão e apoio as manifestações populares", disse à Folha.

Caetano afirma que já está aposentado e que não vê motivos para ser apontado como um infiltrado.

DIREITO

"Não é nada disso. É importante saber o que se passa no país. E também tenho direito de me manifestar", afirmou. O cartão de apresentação entregue por ele à reportagem não menciona a aposentadoria.

"Trabalhei 25 anos dentro de um caminhão de bombeiros, mas já parei", disse, após conversar com alguém via rádio. Mesmo não sendo o caso de Roberto Caetano, a Polícia Militar mantém policiais à paisana nas manifestações que ocorrem em São Paulo.


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