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Falta consistência ao programa, afirma brasileiro da OMS

Para Mario Roberto Dal Poz, experiência de Cuba em medicina da família é reconhecida

CLÁUDIA COLLUCCI DE SÃO PAULO

O brasileiro Mario Roberto Dal Poz, que coordenou por dez anos a área de recursos humanos em saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde), afirma que a vinda de médicos estrangeiros é "uma medida de curto prazo que não se sustenta".

Dal Poz, 63, que se aposentou na OMS e voltou a ocupar o cargo de professor na Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), diz que vários países adotam programas consistentes para atrair profissionais às regiões ermas.

Leia trechos da entrevista.

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Folha - A chegada dos médicos cubanos acirrou ainda mais o embate entre o Ministério da Saúde e os médicos. O sr. vê alguma chance de acordo?
Mario Roberto Dal Poz - É uma situação muito ruim. Não há ninguém da área de saúde pública que ache positivo um conflito com o Ministério da Saúde nesses termos.
Mas tem um aspecto positivo na cooperação com Cuba. O programa cubano na área de medicina de família é muito reconhecido no campo internacional, e é ruim essa crítica de que os médicos cubanos são malformados.
A questão é que a vinda dos médicos estrangeiros é uma medida de curto prazo que não se sustenta.

Como são os programas estrangeiros para fixar médicos nas regiões distantes?
Uma das coisas mais difíceis é a pessoa sair do seu conforto, migrar. E ela só faz isso quando está certa de que será para melhor. Mas não é só salário que atrai o médico.
Em Manchester [cidade inglesa], por exemplo, há mais médicos de Malawi [país africano] do que em Malawi. Além de ótimos salários, eles têm condições para criar os filhos e rede social de apoio.
Os cubanos estão vindo como parte da sua formação, eles têm uma carreira que inclui trabalho no exterior.
A Austrália tem uma experiência muito interessante de contratação de médicos rurais, que também envolve médicos de outros países.
Parte do programa inclui buscar emprego para o marido ou a mulher, suporte escolar para os filhos, suporte psicológico e social, rede de apoio, sistemas de supervisão à distância, internet.
A mesma coisa acontece no Canadá.

Como o sr. avalia o programa Mais Médicos?
Não há um conjunto de medidas, de intervenções que deem sustentabilidade ao programa. Nem no tipo de contrato, que não prevê direitos trabalhistas.


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