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Para analistas, crime anterior pode ter efeito de 'contágio'

Porém é arriscado fazer conexão entre os casos

DE SÃO PAULO

Não é possível estabelecer uma conexão clara entre os casos recentes de assassinatos de famílias em São Paulo, dizem especialistas. Foram quatro casos desde 5 de agosto.

Nas situações em que houve suicídio ou tentativa de suicídio, algumas causas podem ter influência: entre elas está o "contágio", quando um determinado caso estimula a ocorrência de outro, especialmente se associado a problemas psiquiátricos prévios.

Há ainda a chance de ter havido razões externas a contribuir, como a existência de dívidas financeiras.

"Podemos estar agora diante de um contágio de familicídio. Devemos ter as mesmas precauções recomendadas em casos de suicídios", afirma o psiquiatra forense Daniel Martins de Barros, que atua no Instituto de Psiquiatria da USP.

Para ele, há grupos de pessoas com algum transtorno mental de base (depressão ou psicoses, por exemplo), que ficam predispostas ao suicídio quando o veem noticiado. "Pode ser o gatilho."

Uma revisão de estudos sobre a relação entre a divulgação de suicídios e a elevação das taxas, publicada pela Academia de Ciências de Nova York, mostra que há aumento real no número de casos.

A partir disso, vários países implementaram recomendações à mídia e medidas de prevenção ao suicídio, como o de acompanhar e medicar pessoas que já tentaram se matar, que ficam mais predispostas a tentar novamente.

A predisposição pode vir com outro gatilho, como problemas financeiros, diz Carlos Felipe D'Oliveira, ex-coordenador da Estratégia Nacional de Prevenção ao Suicídio.

O número de casos na Grécia, que enfrenta forte recessão, aumentou 45% de 2007 a 2011, segundo uma ONG local.

Nos casos de suicídio, o psiquiatra José Manoel Bertolote fala que o "contágio" também pode ocorrer pela vontade de as pessoas se tornarem "celebridades", ainda que nas páginas policiais.

"Isso é muito bem estudado na Ásia. Para se tornar celebridade, a pessoa se mata. Pode ser que estamos diante de algo parecido nos casos de familicídio, mas é só hipótese. São casos raros, não há muita literatura sobre isso."

Segundo ele, nos casos de suicídio há contradições de difícil explicação, como o fato de os casos poderem aumentar tanto em tempos de crise quanto de crescimento econômico. "Não existe uma explicação satisfatória para todos os casos", diz.


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