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Não dá para fazer parque no Minhocão, diz urbanista

Lisa Switkin, responsável pelo projeto do High Line, nos EUA, visitou o Brasil

Em Nova York, área foi criada sobre linha de trem desativada, o que facilitou processo; aqui, há movimento de carros

MARIANA SALLOWICZ DO RIO RICARDO GALLO DE SÃO PAULO

A pergunta mais comum de paulistanos e cariocas que visitam o High Line, o parque suspenso erguido sobre uma linha de trem abandonada em Manhattan, é: por que não fazer o mesmo no Minhocão (São Paulo) ou no elevado da Perimetral (Rio)?

Pois a urbanista responsável pelo projeto paisagístico do parque, Lisa Switkin, afirma: os dois locais não comportariam um High Line.

A convite da Folha, ela visitou os dois lugares.

A razão, segundo ela, está na característica das construções. O High Line era um viaduto sem uso ao abrir ao público, em 2009, com seus deques e gramados.

Já o Minhocão e a Perimetral, diz, foram idealizados para os carros e têm uma função importante no sistema viário das duas cidades.

"O espaço para pedestres é justamente uma das coisas que faz o High Line tão especial", disse Lisa, que veio ao Rio e a São Paulo para participar do Arq.Futuro, evento de arquitetura e urbanismo que termina hoje no auditório Ibirapuera, em São Paulo.

No elevado da Perimetral, que tem 5,5 quilômetros e liga o aterro do Flamengo às avenidas Presidente Vargas e Brasil, "provavelmente as calçadas ficariam muito estreitas [caso esse espaço fosse dividido entre carros e pedestres]", diz.

Por sua vez, no Minhocão, com seus 3,4 quilômetros de via elevada no centro da cidade, não é possível simplesmente tirar os automóveis para colocar um parque em uma via essencial.

"O High Line era uma linha de trem abandonada. Aqui tem carros. É difícil."

Se não dá para tirar os carros, o que seria possível fazer para tornar mais belo e acessível à população um dos monumentos mais controversos de São Paulo?

Criar uma via para bicicletas ou fazer uma "praia" aos finais de semana são as sugestões da urbanista, que que tirou seu iPhone do bolso para tirar fotos do Minhocão, ontem à tarde, quando quase não havia trânsito.

Da sacada de um apartamento no nono andar, Lisa se disse "impressionada" com as dimensões da obra --que liga as regiões leste e oeste da capital paulista e foi inaugurada em 1971, com o nome de elevado Costa e Silva.

DEMOLIÇÃO

Como costuma ocorrer com o Minhocão de tempos em tempos, o High Line, nos anos 1980, também ficou ameaçado de demolição, quando os trens pararam de circular.

Foi quando um grupo de vizinhos se reuniu e começou a lutar pela preservação do local, em ação que resultou na transformação em parque.

Já a Perimetral do Rio tem seus dias contados: os planos indicam que a via elevada irá totalmente ao chão no ano olímpico de 2016.

"Muitos dos prédios estão com a parte de trás voltada para o viaduto. Depois que ele cair, isso começará a mudar. A relação [da região] com a cidade será outra", diz Lisa. A mensagem com a demolição, diz, será a da "reabertura da cidade para o mar".


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