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Foco

Ex-detento de SP está prestes a virar padeiro

Grupo de 10 pessoas encaminhado por ONG é o primeiro a fazer curso de panificação

AFONSO BENITES DE SÃO PAULO

Após receberem inúmeras negativas, dez ex-presidiários estão prestes ouvir o seu primeiro sim dos últimos anos.

Eles fazem parte de um pequeno grupo de antigos detentos de São Paulo que está participando há uma semana de um curso profissionalizante de padeiro --e já com encaminhamento certo para o mercado de trabalho.

O primeiro passo para a reintegração deles à sociedade, com a efetivação em um emprego, deve ser no mês que vem, ao fim do curso. O treinamento só foi possível devido a uma parceria entre a ONG AfroReggae, o Senai e o sindicato das padarias.

"O problema para convencer o egresso a se capacitar é que nem sempre ele tem a garantia de um trabalho futuro. Quando você diz que ele já vai sair empregado, a aceitação é maior", disse o coordenador do projeto da ONG em SP, Chinaider Pinheiro.

Ele fala do assunto com conhecimento de causa. Ex-chefe do tráfico em cinco favelas do Rio de Janeiro, Pinheiro foi condenado a 15 anos de prisão. Cumpriu parte da pena no regime fechado e quando foi solto, em 2008, começou a atuar na ONG carioca.

Desde então trabalha na reinserção de egressos do sistema penitenciário no mercado de trabalho. No Rio, onde há 50 empresas parceiras, cerca de 1.500 foram beneficiados nos últimos anos.

Em São Paulo, com apenas três parcerias firmadas em seis meses de atuação, o trabalho promete ser árduo. Em todo o Estado, enquanto 2.460 entram nas penitenciárias mensalmente, outros 2.000 são libertados.

No grupo de futuros padeiros está Mari, 51, uma líder comunitária que foi condenada por tráfico de drogas, e Jesus, 30, que cumpriu pena por roubo e furto. Seus nomes completos foram preservados a pedido deles, que dizem sofrer preconceito.

"Estou solta há um ano. Bati em todas as portas, não consegui nada. Ainda existe muito preconceito. Quando vi a oportunidade de sair empregada, não pensei duas vezes e agarrei", afirmou.

"Não quero mais ir para o crime. Só precisava de uma oportunidade", disse Jesus.


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