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Desertor do Mais Médicos deu pistas de fuga para os EUA

Cubano dizia a colegas que tinha amigos naquele país e que lá teste para revalidar diploma era mais fácil que no Brasil

Pacientes elogiam ação de Ortelio Guerra em unidade de Pariquera-Açu (SP), que agora está sem profissional fixo

JULIANA COISSI ENVIADA ESPECIAL A PARIQUERA-AÇU (SP)

Antes de fugir de Pariquera-Açu (SP) para os Estados Unidos no final do mês passado, o médico cubano Ortelio Jaime Guerra deixou escapar duas pistas sobre o seu plano de abandonar o programa Mais Médicos e o Brasil.

Colegas da unidade de saúde nem desconfiavam das intenções, mas ele repetia que tinha amigos médicos nos EUA e que lá o teste para revalidar o diploma estrangeiro era mais fácil do que no Brasil.

Guerra deixou o município, a 214 km a sudoeste de São Paulo, em 26 de janeiro.

Antes disso, em pouco mais de duas semanas, realizou 172 atendimentos de idosos, crianças, gestantes e pessoas com doenças como diabetes e hipertensão.

Desde a saída dele, porém, a unidade de saúde da Vila Peri Peri está sem médico fixo. As pessoas da localidade precisam percorrer cerca de 3 km até uma outra unidade.

É o caso da dona de casa Jacira Rosa, 35, que levou seu bebê ao posto de saúde.

"É longe, andar nesse sol que está agora."

Desde a saída do cubano, as agentes de saúde já perderam a conta de quantas vezes ouviram o lamento: "O médico foi embora? Que pena!".

Até março, quando deve chegar um substituto, a unidade ficará sem médico.

O desfalque não é inédito. Antes de Guerra, havia médico só três vezes na semana.

Na Vila Peri Peri, a fuga do cubano motivou todo tipo de palpite. "Não simpatizou com Pariquera" e "achou que não daria conta" são as justificativas mais ouvidas.

De fato, a chegada do cubano evidenciou a demanda local. O ritmo intenso de trabalho do nefrologista levou a equipe da unidade a fazer hora extra na primeira semana.

"Normalmente começamos às 7h e terminamos às 16h30. Mas, naquela semana [de estreia], esperamos ele [Guerra] até 17h, 17h30, porque ainda havia paciente na sala", conta a enfermeira Iris Marceli Cecília Franco, 37.

Sobre o motivo da fuga, a paciente Zilma Santana Galvão dos Santos, 53, arrisca outro palpite: "Acho que não aguentou o clima em Pariquera. Está muito quente, não?".

Diferentemente da maioria dos moradores entrevistados, que rasgam elogios ao cubano, a aposentada reclamou da dificuldade com o idioma. "Não entendi nada que ele falou. Acho que ele também não me entendeu."

Já Nelza Aparecida da Silva, 55, diz que Guerra foi "um dos melhores médicos que Peri Peri já teve. Ele fez muitas perguntas". A consulta dela durou 40 minutos, diz.


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