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Alunos de federais trocam vaga do Sisu por particulares

MEC constata que com sistema de seleção estudantes que entram em cursos sem desejar acabam migrando

Ministério da Educação vai apresentar, até o meio do ano, medidas para preencher as vagas deixadas pelos calouros

FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO

O sistema unificado de seleção de calouros, o Sisu, levou mais alunos a disputar vagas nas universidades federais. Parte deles, porém, migrou rapidamente para a rede particular.

A constatação é do próprio Ministério da Educação e da Andifes, entidade de reitores das universidades federais.

As duas instituições desenvolvem estudo para medir o tamanho da migração, detectada em análise preliminar.

Paralelamente, universidades afirmam já terem sentido aumento na evasão após a entrada no Sisu, implementado em 2010. É o caso da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Quarta instituição que mais recebeu inscritos em 2013, sua taxa de evasão subiu de 20% para 35%.

O abandono também cresceu na federal tecnológica do Paraná e na estadual do Piauí (veja mais no quadro).

Mesmo sem ter a quantidade exata de alunos que deixaram os cursos, o MEC analisa o volume como "importante" e decidiu apresentar, até o meio do ano, medidas para preencher essas vagas.

O PROCESSO

Segundo a gestão Dilma Rousseff (PT), os dados levantados apontam que os alunos que saíram dos cursos, basicamente, vão para outros. E a evasão geral não se altera.

A explicação do ministério para o fenômeno é que, com o Sisu, o aluno tem mais facilidade em ingressar na rede federal --pelo sistema, ele disputa vagas no país todo apenas com a nota no Enem.

O problema é que aquele que possui nota mais baixa tende a entrar não no curso que deseja, mas no que sua nota foi suficiente.

Ao mesmo tempo, também com o Enem, ele pode conseguir vaga na rede particular (menos disputada), na área que desejava. E custeado pela União por meio do Prouni (bolsas de estudo) ou do Fies (financiamento).

Assim, o aluno que queria engenharia, mas entrou em licenciatura na federal, pode em um ou dois anos conseguir vaga em engenharia, em faculdade particular.

"Para o aluno, a situação é ótima. Ele, no fim, estuda o que queria", disse à Folha o secretário de Educação Superior do MEC, Paulo Speller. "Mas é ruim para a instituição, pois a vaga fica ociosa."

TERCEIRA OPÇÃO

Isaias da Silva, 23, ilustra essa migração. Ele queria curso tecnológico ou licenciatura em letras na federal rural de Pernambuco.

"Mas eu só tinha nota para biologia. Não era o que queria, mas era o que eu tinha mais afinidade", diz. Ele não se adaptou e, após dois meses, deixou o curso para entrar em gestão em petróleo, particular, com Fies.

"A migração não é necessariamente negativa, porque o aluno encontra o que responde às suas expectativas", afirma o pesquisador Roberto Lobo, ex-reitor da USP. "Mas não está claro como a migração afeta o desenvolvimento do curso, a qualidade do ensino superior."

O número de inscritos no programa subiu de 800 mil, em 2010, para os atuais 2,6 milhões.

"No modelo de vestibular, o aluno já considerava seu desempenho ao escolher um curso", diz o representante dos reitores federais, Jesualdo Farias. "Mas agora, como o Sisu cresceu, queremos avaliar o impacto no sistema"


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