Folha de S.Paulo

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Estátua de conde vai parar atrás das grades na Pompeia

LEANDRO MACHADO DE SÃO PAULO

Um conde está atrás das grades há três meses, impedido de receber visitas dos moradores da Pompeia, bairro da zona oeste de São Paulo.

A estátua do conde Francisco Matarazzo (1854-1937), agora postada no meio de uma praça fechada com cadeado, tem uma história de andanças pela região.

Começa nos anos 1930, quando o artista italiano Giandomenico de Marchis presenteou a família do magnata com a obra. Por muito tempo, ela ficou na entrada das Indústrias Reunidas Matarazzo, perto de onde está agora.

Nos anos 1980, quando a empresa faliu, foi deslocada para a praça em frente ao shopping West Plaza, seu último endereço antes de ser removida para a praça Raízes da Pompeia, entre o shopping Bourbon e o Sesc.

Segundo Maria Antonietta de Lima, 76, presidente da Associação de Amigos da Vila Pompeia, o bairro se desenvolveu em torno dessa praça, onde o conde se reunia com seus funcionários. Por isso, diz, o monumento foi para lá.

Mas a mudança foi enrolada: a comissão de estátuas da prefeitura vetava a medida porque as grades atrapalhariam a apreciação da obra.

A associação recorreu, argumentando que a obra ficaria elevada. No ano passado, finalmente conseguiu o aval da secretaria da Cultura. A pasta afirma que reconsiderou a decisão após receber uma carta do senador Eduardo Suplicy (PT) --bisneto do conde-- que "reforçava a relação entre a obra e a praça."

Agora, a estátua --de três toneladas-- está em cima de um pedestal, mas cercada por grades de ferro de três metros de altura. É visível da rua à certa distância, mas chegar perto é impossível.

A associação argumenta que o espaço é trancado por causa das enchentes da região. Sem as grades, muito lixo se acumularia na praça.

Para entrar, é preciso pedir autorização à entidade, que reformou o local com dinheiro dos moradores do bairro.

"Não vejo vantagem nenhuma em a estátua ficar atrás das grades. Não dá pra chegar nem perto dela", diz Hermes Nascimento, 79, morador da Pompeia há 40 anos.

Maria Antonietta retruca: "Ela estava suja e feia. Agora está toda bonita. Você queria que ela ficasse exposta para ser vandalizada?"