Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Entrevista Jacob Barata Filho

Eu fui às manifestações do Rio e me senti injustiçado

De rosto pouco conhecido, maior empresário de ônibus do Rio diz que aproveitou anonimato para ouvir as críticas nos protestos

CRISTINA GRILLO ITALO NOGUEIRA DO RIO

O sobrenome Barata virou sinônimo de problemas no transporte público do Rio e alvo dos protestos contra o reajuste da tarifa dos ônibus.

À frente da empresa da família, sócia de 11 das 42 viações que operam no município, Jacob Barata Filho, 60, aproveitou-se do fato de ser pouco conhecido --são raras entrevistas e fotografias-- para se infiltrar nos protestos e ouvir queixas. Sua conclusão: há "total falta de informação".

Barata se emocionou ao falar do protesto no casamento da filha, no Copacabana Palace, e se queixou do boato de que é cunhado do governador.

-

Folha - Como o sr. avalia o setor de transporte no Rio?

Jacob Barata Filho - A relação institucional mudou, estamos nos adaptando. Temos pela primeira vez uma política de investimento de infraestrutura e contrato de concessão [de 2010] que deixa claro direitos e deveres.

Mas sempre se falou que as empresas decidem tudo.

Gostaria muito que tivesse sido assim um dia. Nunca mandamos no governo. A maior prova é o monte de vans que surgiu de 2000 para cá e pegou 30% do mercado.

O que o sr. acha de dizerem que há a "máfia do ônibus"?

Pejorativo. Naturalmente há políticos que ajudamos a eleger, com trabalho nas empresas. Como há bancada ruralista, há a do transporte.

Como é essa relação? A concessionária não pode doar.

É pessoal. Temos certa influência junto aos funcionários. São pessoas em cujo trabalho acreditamos e pedimos para que votem nelas.

Na CPI dos Ônibus, vereadores que não firmaram o pedido foram nomeados para a comissão. Eles são dessa bancada?

Não temos relação com essa turma. A bancada dos transportes atua mais nacionalmente. Só o fato de ter sido instalada a CPI mostra que não temos controle.

Mas a CPI aconteceu num momento que fugiu do controle, que depois se tentou retomar?

Ao contrário. Nós nos preparamos para ir à CPI para mostrar a transparência que dizem não existir. O que queremos é que, quando passar um ano sem ter reajuste, alguém pague a conta.

O governo estadual subsidiará tarifas. Já o prefeito Eduardo Paes (PMDB) diz que "não dará dinheiro para português"...

Nosso prefeito poderia ser um pouco mais carinhoso. O último português no negócio tem quase 80 anos [Jacob Barata, seu pai] e méritos de ter sido pioneiro no setor.

O que achou dos protestos contra aumento da tarifa?

A única coisa espontânea era o pedido de tarifa zero. Mas será que vale a pena o governo gastar dinheiro da educação e saúde para a pessoa não pagar R$ 3?

A tarifa zero subsidiada é o melhor para os empresários?

Lógico. Não tem confusão para aumentar, nem pressão.

O sr. esperava que as manifestações tomassem essa dimensão?

Não. Como não sou conhecido, até desci para acompanhar e falar com as pessoas.

Como se sentiu no meio de gente criticando seu trabalho?

Mal, aborrecido e muitas vezes injustiçado.

O que chamou sua atenção?

A falta de informação. A maior lenda urbana é que a Adriana Ancelmo [primeira-dama do Rio] é filha do meu pai. De repente virei cunhado do governador.

O que mais incomodou no protesto no casamento de sua filha?

A agressão aos convidados. Pode fazer o protesto que quiser, mas xingamento, agressões, quebra de carros é inadmissível. Estragou a festa da noiva e do pai dela.

O sr. anda de ônibus?

Às vezes, como controle de qualidade. Mas já andei muito de ônibus.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página