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Cotidiano

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Vítima é colocada em porta-malas por PMs, cai e é arrastada por 250 m

Baleada, Cláudia Ferreira, 38, ficou pendurada no veículo e já chegou morta a hospital no Rio

Mulher levou 2 tiros quando ia comprar pão; os 3 policiais, que foram presos, dizem que já a encontraram ferida

MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO

A Polícia Militar do Rio prendeu ontem três PMs acusados de arrastar por 250 m a auxiliar de serviços gerais Cláudia Silva Ferreira, 38.

Baleada, ela ficou pendurada, a caminho do hospital, na traseira do carro da polícia após ser socorrida no porta-malas do veículo.

Cláudia chegou morta ao hospital Carlos Chagas. Além do ferimento à bala, tinha a perna em carne viva por ter sido arrastada.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, divulgou nota em que "repudia a ação dos policiais".

Os três seriam conduzidos à noite para o presídio Bangu 8, na zona oeste, após prestarem depoimento no IPM (Inquérito Policial Militar) que investiga o caso.

Mãe de quatro filhos, Cláudia saiu de casa no domingo de manhã para comprar pão e mortadela, disse seu marido, Alexandre Silva. Carregava na mão três notas de R$ 2 e um copo de café. Disse aos filhos que voltaria rápido.

Caminhou 20 m, cumprimentou uma amiga e levou dois tiros: no pescoço e nas costas. Estava no ponto mais alto do morro da Congonha, em Madureira, zona norte.

De acordo com os policiais militares, havia naquele momento uma troca de tiros entre PMs e traficantes. A família nega. "Ela tinha medo de sair de casa quando havia tiroteios. Temia uma bala perdida. Nunca sairia se houvesse troca de tiros", disse Silva.

Durante a incursão, os policiais encontraram a mulher caída no chão, baleada, segundo a Polícia Militar.

Os subtenentes Adir Machado e Rodney Archanjo e o sargento Alex Sandro Alves socorreram Cláudia e a colocaram dentro do porta-malas.

No caminho para o hospital, um cinegrafista amador flagrou o porta-malas aberto e Cláudia presa ao veículo por parte de sua roupa. As imagens foram divulgadas ontem pelo jornal "Extra".

Por 20 segundos, o vídeo mostra a mulher batendo contra a traseira do veículo e contra o asfalto. O carro, em alta velocidade, faz duas ultrapassagens até parar num sinal de trânsito. Os policiais descem, colocam a mulher para dentro e fecham o porta-malas, seguindo para o hospital.

"No hospital, perguntei se ela havia rolado de algum lugar. A perna estava em carne viva", contou Júlio Cesar Ferreira, irmão de Cláudia.

"Trataram ela como um bicho. Nem o pior traficante do mundo deveria ser tratado assim", disse Silva, o marido.

Em nota, a Polícia Militar informou que a atitude dos policiais "não condiz com o processo de formação empregado nos Centros de Ensino da corporação".

De acordo com a PM, "o procedimento adequado é o socorro da vítima no banco traseiro da viatura".

Segundo a nota, "no entendimento dos policiais da ocorrência, havia dificuldades de atendimento para uma ambulância devido ao confronto com traficantes [...], o que os levou a socorrer Cláudia". A PM não permitiu que os policiais falassem sobre o assunto.


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