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Abrigo improvisado para haitianos está no limite, diz padre

Imigrantes que chegam a São Paulo em ônibus vindos do Acre estão dormindo no chão de salão de festas

Padre responsável por abrigo pediu ajuda da prefeitura para achar outros locais; mais haitianos vão chegar

RICARDO GALLO DE SÃO PAULO

A situação está perto do limite, desabafa o padre Paolo Parise. Responsável pelo local que serve de abrigo às dezenas de imigrantes haitianos que chegam diariamente a São Paulo vindos do Acre, ele diz já não haver espaço físico para acomodar todos.

"Recebi uma ligação dizendo que iam chegar mais quatro ônibus. Não acredito. Não quero acreditar. Não sei o que fazer", afirma o padre.

Ontem, cerca de 160 imigrantes passaram a noite em um salão de festas convertido, provisoriamente, em dormitório. Ficaram no chão, sobre colchões doados pela prefeitura. Até então, o local havia recebido, no máximo, 40 pessoas para dormir.

Parise dirige a Missão Paz, entidade ligada à Igreja Católica que recebe migrantes e refugiados. O abrigo está localizado no Glicério, na região central de São Paulo.

O fluxo de haitianos não para. O governo do Acre fretou 50 ônibus para enviá-los a São Paulo. Muitos imigrantes ainda não chegaram --a viagem leva cerca de quatro dias e acaba na rodoviária da Barra Funda, na zona oeste.

Mas Parise disse que não irá recusar ninguém. "Nunca fiz isso na minha vida." Improvisar o dormitório foi a maneira de não deixar os haitianos na rua, diz ele.

Anteontem, com o salão de festas lotado, a saída encontrada foi procurar ajuda.

Por iniciativa própria, uma paróquia no Tucuruvi (zona norte) abrigou 128 pessoas. A prefeitura providenciou beliches para ampliar a capacidade, kit de higiene, cobertor, lençóis e transporte.

Mas, por ora, não há alternativa para alojar os imigrantes. Parise pediu ajuda à prefeitura, que procura locais a serem usados como abrigo para os haitianos por chegar.

Entre os locais prospectados estão clubes, diz a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.

O governo do Acre diz que não está orientando os imigrantes a ir para a Missão Paz. Segundo o padre Parise, a informação tem corrido no boca a boca entre os haitianos.

IMPROVISO

Diante do fluxo de imigrantes contínuo, o padre conta com ajuda externa. O café da manhã tem sido doado por donos de restaurantes. O almoço ontem foi no Bom Prato, do governo do Estado, e o jantar é diariamente fornecido pela prefeitura.

Parise não tem controle sobre quem está para chegar à Missão Paz. Ele chegou a colocar uma funcionária na rodoviária da Barra Funda para recepcioná-los, mas os horários de chegada são imprecisos --um ônibus programado para 19h30 desembarcou às 2h do dia seguinte.

Os haitianos esperam o metrô abrir, compram bilhete e vão para a Missão Paz.

O governo do Acre não deu dinheiro para alimentação durante viagem até São Paulo. Os haitianos dependem de economias próprias.


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