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Pai e madrasta de Bernardo agora são réus no processo
Justiça gaúcha aceitou a denúncia contra o casal e outras duas pessoas
Ministério Público aponta o médico como mentor da morte do garoto de 11 anos; ele nega o crime
A Justiça aceitou a denúncia contra quatro pessoas acusadas de envolvimento na morte de Bernardo Boldrini, 11, no Rio Grande do Sul. Entre elas estão o médico Leandro Boldrini e Graciele Ugulini, pai e madrasta do menino e agora réus no processo.
Também passaram a ser réus a assistente social Edelvânia Wirganovicz e um irmão dela, o motorista Evandro Wirganovicz, acusado de ter ajudado a ocultar o corpo.
Para o Ministério Público, que ofereceu a denúncia, o pai de Bernardo atuou como "mentor" do crime, executado pela mulher. A suspeita é de motivação financeira.
A Promotoria afirma ter se baseado em indícios que apontam envolvimento de Boldrini, como contradições em depoimentos, relatos de testemunhas sobre o mau relacionamento com o filho e desinteresse no paradeiro dele após o desaparecimento.
"A prova existe", afirmou a promotora Dinamárcia Maciel. "Leandro é o mentor intelectual do fato."
Segundo ela, Boldrini não queria dividir com o filho os bens que adquiriu com a ex-mulher, que se suicidou em 2010. Por isso, diz a promotora, demorou para formalizar o inventário dela.
O órgão também considerou interceptações telefônicas de parentes de Graciele, que dizem "ter certeza" de que ele planejou o crime.
Testemunhas ouvidas pela polícia afirmaram que o pai não gostava do filho e o chamava de "bichinha". Uma amiga disse ter ouvido de Graciele, em janeiro, que ela e o marido desejavam matá-lo, mas só não o faziam porque não tinham um poço para esconder o corpo.
O comportamento "tranquilo" do pai após o desaparecimento de Bernardo também é considerado pela polícia indício de participação.
A polícia suspeita ainda que a receita usada para comprar o sedativo encontrado no corpo de Bernardo e possível causa da morte tenha sido assinada por Boldrini. O documento, no entanto, ainda não passou por perícia.
OUTRO LADO
O médico Leandro Boldrini, 38, nega participação no crime. Por meio de seu advogado, Jader Marques, diz que se surpreendeu com o envolvimento da mulher.
Marques afirma que a polícia e o Ministério Público "não têm provas" contra seu cliente e o acusam por uma "avaliação pessoal".
Segundo ele, as conversas telefônicas revelam apenas suposições de parentes. "Não há um só elemento sólido que mostre a participação dele."
Para o advogado, o argumento de que o pai agiu por interesse na herança da mulher é "absurdo".
Graciele e Edelvânia descartaram o envolvimento do pai de Bernardo no crime.
A madrasta admite ter dado um sedativo para o enteado, para acalmá-lo, mas afirma que a morte do menino foi "acidental".
Edelvânia, por sua vez, reconhece apenas ter ajudado Graciele a ocultar o corpo, sem participação na morte. Evandro nega envolvimento com o caso.