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'Por que não usaram bala de borracha?', diz mãe de rapaz morto

Testemunhas afirmam que PMs atiraram contra jovem durante manifestação no Alemão; polícia investiga o caso há dois meses

Armas de três policiais que atuaram naquele dia foram apreendidas; uma delas tinha dois cartuchos deflagrados

DO RIO

Passados dois meses da morte do mototaxista Caio de Moraes da Silva, 20, assassinado com um tiro no peito durante uma manifestação no Complexo do Alemão, Denize Moraes, 49, mãe do rapaz, lamenta que o inquérito que investiga o crime não tenha sido concluído pela polícia.

Ela e outras três testemunhas dizem que o tiro que atingiu o jovem partiu de um PM da UPP Nova Brasília, uma das favelas do complexo, que aparece efetuando disparos em imagens de câmeras de comércios locais.

Moradores ouvidos pela Folha afirmam que, no início da noite do dia 27 de maio, Caio Silva caminhava próximo à manifestação quando começou um tumulto.

PMs da UPP arremessaram bombas de efeito moral para dispersar os ativistas. Caio e outros moradores correram para se proteger na comunidade da Grota.

Em seguida, três disparos foram ouvidos, e o mototaxista foi atingido no peito.

De acordo com moradores, os policiais só socorreram o rapaz depois que encontraram a carteira de dependente da Marinha dele, já que era filho de um sargento da força naval.

"Todas as testemunhas dizem que o meu filho levantou os braços e pediu calma quando foi baleado. Por que não atiraram com bala de borracha na perna? Acertaram o peito dele e mataram uma pessoa que não tinha nada a ver com a história. Quantas pessoas vão morrer assim?", perguntou a mãe.

Na ocasião, policiais civis da Divisão de Homicídios recolheram as armas de três PMs da UPP, suspeitos de envolvimento no crime.

Apesar de o vídeo da câmera de um estabelecimento comercial mostrar que três tiros foram disparados, apenas a arma de um policial tinha duas balas a menos no cartucho, de acordo com um trecho do inquérito obtido pela Folha.

Segundo Denize, testemunhas disseram que os policiais roubaram os pertences de seu filho. "Eles levaram o relógio e o dinheiro dele."

De acordo com a divisão de homicídios, as investigações estão em andamento.

Os policiais foram ouvidos, e as armas, encaminhadas à perícia. Familiares e testemunhas também prestaram depoimento. A delegacia aguarda o resultado dos laudos.

A coordenação das UPPs disse apenas que "o inquérito que apura o fato está em andamento". Nenhum policial foi afastado.

"Acreditava que a Polícia Civil fosse me ajudar, mas não sei o que aconteceu com o inquérito. Só quero Justiça e que o culpado seja julgado e condenado", disse, emocionada, a moradora.

Sócia de uma empresa de crediário no Alemão, ela sustenta e ajuda a criar atualmente os dois netos, filhos de Caio, de um e três anos.

A Folha também localizou uma das ex-mulheres do soldado Rodrigo Paes Leme, 33, que trabalhava na UPP e foi morto em ataque de criminosos no largo da Alvorada, no dia 6 de março. O PM foi atingido por dois tiros no peito, na altura das axilas.

Alessandra dos Santos Araújo, 39, lembra que o sonho do ex-marido era seguir a carreira do pai na PM. "O pai dele também foi morto há cerca de dois anos."


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