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Milícia explora moradores do Minha Casa

Polícia calcula que grupo lucrava mais de R$ 1 milhão por mês com cobrança de 'taxas'; foram detidas 21 pessoas

Há denúncias de que pessoas que se recusaram a pagar foram mortas; entre os presos estão cinco PMs

MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO

Há pelo menos um ano a cena se repetia no condomínio Ferrara, em Campo Grande, zona oeste do Rio.

Construído com verba do programa federal Minha Casa, Minha Vida para abrigar vítimas de tragédias naturais ou tiradas de áreas de risco, o conjunto residencial passou a ser dominado pela maior milícia do Rio.

Segundo a polícia, após a chegada de cada morador, o síndico batia à porta, acompanhado de quatro homens, e comunicava que haveria "taxas a pagar".

Eram exigidos pagamentos por luz, água, segurança, internet, TV a cabo. Alimentos e combustível só poderiam ser adquiridos da milícia.

Nesta quinta-feira (7), a Polícia Civil prendeu Ademir Horácio de Lima, 47, apontado como o síndico do condomínio, e mais 20 acusados de integrar a milícia denominada Liga da Justiça, a maior quadrilha desse tipo no Estado.

Outras dez pessoas ainda são procuradas. Lima negou as acusações.

Segundo a polícia, o grupo administrava 1.600 apartamentos e controlava 5.000 moradores. O cálculo é que o grupo paramilitar lucrasse mensalmente mais de R$ 1 milhão com os serviços.

Entre os presos estão cinco PMs, quatro ex-policiais, um policial civil, um bombeiro, um militar do Exército e um agente penitenciário, além de oito civis.

Esta foi, segundo a polícia do Rio, a primeira prisão no país envolvendo milicianos que invadiram e tomaram o controle de seis condomínios do Minha Casa, Minha Vida.

Ao valor das contas de água e de luz cada morador tinha que acrescentar mais R$ 30, que eram repassados à "firma" --maneira como o grupo era conhecido.

Os milicianos vendiam por R$ 220 uma cesta básica adquirida por R$ 70. Os moradores eram proibidos de comprar em mercados do bairro.

PUNIÇÃO

Quem se recusava a pagar era expulso, torturado ou morto, diz a polícia.

Pelo menos 20 famílias foram retiradas de suas casas. O número de mortos ainda é investigado. Há notícias de que pessoas foram retiradas de casa e desapareceram.

"Eles tiveram a ousadia de, logo depois de assumir o imóvel, vender os apartamentos dos expulsos por até R$ 40 mil", disse o delegado Alexandre Capote. Nas casas dos presos a polícia encontrou seis carros, sendo quatro importados, e R$ 7.852.

O grupo nasceu nos anos 1990 e era identificado por usar como símbolo o morcego do personagem Batman, das histórias em quadrinhos.

"As milícias existem há 20 anos e antes nunca foram combatidas. Muitos até apoiavam", afirmou o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.

Desde 2007, 866 milicianos foram presos no Rio.


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