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Prefeitura encaminha sem-teto a invasão

Assistentes sociais enviaram ofício a líderes de ocupação no centro para que eles recebessem famílias sem moradia

Uma funcionária foi demitida e a outra responderá a sindicância; conduta é irregular, diz prefeito

DE SÃO PAULO

Famílias sem moradia conseguiram vaga em um prédio invadido por sem-teto no centro de São Paulo depois de conseguirem um atestado de pobreza emitido pela própria Prefeitura de São Paulo, que também é a dona do imóvel.

Duas assistentes sociais encaminharam essas famílias à invasão, com ofícios em papel timbrado da prefeitura.

Uma delas foi demitida nesta quarta (10). A outra, por ser funcionária concursada, responderá a uma sindicância interna, cujo desfecho também pode ser a demissão.

O caso foi revelado nesta quarta pela Rede Globo.

A Folha teve acesso a um ofício assinado pelas servidoras, que atuam num centro de referência em assistência social na Barra Funda (zona oeste). Nele, as assistentes pedem aos líderes de sem-teto que as famílias sejam acolhidas no antigo Cine Marrocos, invadido em novembro.

No texto, avisam ainda que os acolhidos não têm condições de colaborar com o rateio de despesas da comunidade.

O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que a prática é irregular.

O Cine Marrocos foi ocupado pelo MSTS (Movimento Sem-Teto de São Paulo), que se diz contrário à gestão Haddad. Antes formado por filiados ao PT, o grupo agora apoia o PSDB, de oposição.

No site do movimento há fotos de seus líderes com o governador Geraldo Alckmin, que disputa a reeleição, e José Serra, candidato do Senado.

Grupos de sem-teto ouvidos pela Folha e ligados ao PT negam receber pessoas encaminhadas pela prefeitura.

O diretor jurídico do MSTS, Douglas Gomes, 36, disse que a "prática é rotineira". "Acontece desde o final do ano passado. O procedimento acabou em fevereiro, até para evitar ligações eleitorais. Mas informalmente muita gente ainda vem em busca disso."

O MSTS critica a prefeitura por ter pedido a reintegração de posse do prédio--que pertence à Secretaria Municipal de Educação-- e, ao mesmo tempo, buscar ajuda para acolher outros sem-teto.

Um dos moradores do Cine Marrocos enviado pela prefeitura é o designer gráfico Alessandro Feitosa, 38.

Ele vivia no centro de acolhida Arsenal da Esperança, no Bresser (zona leste), onde obteve a carta atestando sua "fragilidade social".

O MSTS diz exigir confirmação de vulnerabilidade de quem pede para integrar áreas invadidas, mas nega que determine que a declaração de pobreza seja dada pela prefeitura. "Queremos evitar que pessoas com melhores condições morem aqui", diz Gomes.


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