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Suspeita forçou quarentena de 60 pessoas em hospital

Acompanhantes de pacientes relatam que mal puderam comer e dormir

Unidade de saúde de Cascavel (PR) reabriu às 13h, após limpeza; grupo será monitorado pelo período de 21 dias

JULIANA COISSI ENVIADA ESPECIAL A CASCAVEL (PR) LUIZ CARLOS DA CRUZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CASCAVEL (PR)

Quinta-feira, 18h40. Os vigilantes da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Brasília, em Cascavel (PR), se preparavam para ir embora quando receberam a ordem: ninguém entra, ninguém sai. Um paciente dali, o guineano Souleymane Bah, 47, era suspeito de ter ebola.

"Não posso sair. Tem suspeita de ebola." Foi assim, por telefone, que Janeci Martins da Silva avisou o marido de que não poderia dormir em casa aquela noite.

Junto com Janeci, que estava com a irmã, pacientes, acompanhantes e profissionais ficaram em quarentena forçada. Os que tinham condições de ter alta foram liberados na manhã de sexta (10).

O paciente de risco foi transferido às 6h, mas a unidade só reabriu às 13h para o público, após desinfecção.

Parentes de pacientes contaram que mal puderam comer e dormiram em cadeiras. A advogada Carla Hommerding, 30, disse que a mãe, de 60 anos, que visitava seu avô, tem pressão alta e comeu apenas "bolacha de sal".

Quem chegava à UPA era orientado a buscar outra unidade. Com diarreia e vômito, Marcelo Silva, 22, bateu com a cara na porta na noite de quinta. "Só na TV é que ouvi falar dessa história de ebola."

O guineano chegou à UPA por volta das 10h de quinta. Passou pela triagem e, sem sintomas, esperou com os demais pacientes no saguão até as 14h, quando foi chamado por um médico.

O atendimento durou cerca de uma hora. Com algumas palavras em inglês, o médico compreendeu que ele vinha da Guiné e havia tido febre. Diante do surto da doença na África, decidiu isolar Bah, o que só ocorreu às 15h.

Na sexta, os "aquartelados" começaram a ser liberados. Com luvas e roupas de proteção, funcionários limparam o saguão e as salas e, à tarde, a ambulância que transportou Bah até o avião.

O grupo alvo da quarentena --eram 60 pessoas na UPA, segundo o Ministério da Saúde-- será monitorado e terá a temperatura medida pelo período de 21 dias.

O prefeito Edgar Bueno (PDT) pediu na TV que quem tivera contato com o guineano buscasse a rede de saúde.

Funcionária de uma lanchonete no aeroporto, Lucimara Muhl cogitou não levar os dois filhos à creche. "A gente que tem bebê se assusta com isso", disse.

Para a empresária Gislaine Clarice, é exagero. "Ainda é um caso suspeito."


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