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Análise
Mesmo tardia, união está no caminho certo
Só depois de mortes em série, governos federal e estadual juntaram suas forças para combater o crime em São Paulo
O crime organizado não é combatido sem investigações na área financeira. A lavagem de dinheiro é fonte de vida do crime
Quantos cadáveres foram necessários para que os governos federal e paulista concluíssem que um trabalho conjunto de combate ao crime é importante?
Os fatos, eles, finalmente se impuseram.
É difícil que uma noite que produz oito mortes, furtos e incêndios orquestrados, com um bom nível de certeza, por bandidos passe despercebida.
Ainda que tardias, as medidas conjuntas anunciadas ontem são de uma importância que não pode ser desprezada.
É verdade que precisaremos conhecer mais detalhes sobre a agência de ação integrada. Por exemplo: ela subverterá, em alguma medida, o poder da Secretaria de Segurança do Estado?
É verdade também que vai ser necessário algum tempo para que os efeitos destas medidas comecem a ser, de fato, produzidos.
E os recursos prometidos? Vão chegar em tamanho e tempo suficientes?
Quaisquer que sejam as dúvidas, é certo que as propostas estão no caminho certo.
No rigor, a transferência de presos, por mais importante que seja, não é o aspecto fundamental.
LAVAGEM DE DINHEIRO
O que há de substantivo é a possibilidade de trazer para um espaço comum instituições que há muito já deveriam estar coordenadas.
Mais ainda: compreender, por meio de atitudes, que o crime organizado não pode ser combatido sem rigorosas investigações na área financeira.
A lavagem de dinheiro é fonte de vida do crime. Da mesma forma como aplicações feitas nos mesmos mercados sustentados pelo sistema bancário.
Das fronteiras às estradas, do atacadista aos pontos de venda, dos bairros e favelas aos presídios, o núcleo criado está, pelo menos em tese, em condições de ser combatido -e bem.
Que a política pequena não impeça a concretização desse combate. São os votos de todos os que carecem da segurança.
JOSÉ DOS REIS SANTOS FILHO é sociólogo e coordenador do Núcleo de Estudos sobre Situações de Violência e Políticas Alternativas da Unesp
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