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Plano é genérico, mas um avanço, dizem especialistas

Procurador e sociólogo ouvidos pela Folha afirmam que pacote de combate ao crime requer ações concretas

Para major e deputado, medidas como trabalho conjunto e controle de fronteiras já foram apresentadas antes

DE SÃO PAULO

Especialistas em segurança são unânimes em dizer que as propostas apresentadas pelos governos estadual e federal para o combate ao crime organizado são muito genéricas e precisarão de ações concretas e eficazes para que esse plano dê certo.

Para o sociólogo Luís Sapori, professor da PUC-MG, as medidas anunciadas, embora vagas, parecem adequadas para o início das conversações entre os governos. O importante, segundo ele, é o Estado reconhecer a gravidade do problema.

"É o reconhecimento por parte do governo paulista de que o PCC é uma entidade criminosa que merece uma atenção especial. Isso já pode ser o início da superação desta crise em São Paulo, e ele [o governo] não estava reconhecendo", diz.

Para ele, as duas medidas mais importantes são a criação de uma força-tarefa para atacar os negócios da facção e a transferência de presos ligados ao grupo para unidades federais.

Sapori ressalta que é importante transferir os chefes da facção, a fim de tentar desmobilizar a comunicação entre os criminosos.

"O ideal seria transferir as lideranças, para demonstrar força do Estado e cortar a articulação. Se isso não acontecer, espero que seja devido a uma avaliação de que essa transferência pode ser mais prejudicial à sociedade neste momento", afirma.

Ainda segundo o professor, o governo paulista deve retomar o controle da PM para acabar com a guerra particular entre policiais e bandidos.

O deputado estadual major Olímpio Gomes (PDT), membro da Comissão de Segurança da Assembleia, afirma que as medidas anunciadas -trabalho conjunto, combate às drogas e controle de fronteiras- vêm sendo apresentadas pelo governo federal desde 1999 sem nenhum sucesso.

Para ele, porém, o maior erro das propostas é que elas não incluem a transferência dos principais chefes da facção para presídios federais.

"É uma demonstração de fraqueza. Um medo do Estado de que isso 'vire' as cadeias [provoque rebeliões]."

Gomes concorda com Sapori na avaliação de que o governo estadual faz uma admissão pública do poder do facção criminosa PCC e das suas dificuldades de combater o crime organizado. "Não era tudo uma lenda?", questiona.

O procurador Márcio Sérgio Christino (especialista em crime organizado) diz que as propostas ainda são insuficientes para se fazer uma crítica mais acurada. "Dizem que vão melhorar tudo. Não tem como dizer que isso é ruim. O que é preciso dizer é como isso será feito."

Christino afirma ainda que o governo não pode transferir para presídios federais apenas os criminosos suspeitos de puxar o gatilho contra os policiais. Isso porque, para ele, muitos deles obedecem ordem dos principais chefes da facção.

O procurador diz esperar do grupo criado entre Estado e União algumas medidas concretas e imediatas para tentar estancar a crise.

"O que estão apresentando são metas. E que implantadas agora vão demorar um ciclo de tempo para começarem a dar algum resultado." (ROGÉRIO PAGNAN E CAROLINA LEAL)


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