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Grella afirma que vai combater o crime sem ferir direitos humanos
Secretário diz que não se pode aceitar violação dos direitos fundamentais e liberdades civis
Titular da Segurança diz que sua gestão irá priorizar a inteligência policial e que ele terá o comando das polícias
Moacyr Lopes Junior/Folhapress | ||
Fernando Grella Vieira, à esq., cumprimenta Ferreira Pinto ao assumir o cargo de secretário da Segurança Pública |
O novo secretário da Segurança, Fernando Grella Vieira, disse ontem ao assumir o cargo que uma de suas metas será combater o crime respeitando os direitos humanos.
"É preciso desfazer a noção equivocada de que o combate ao crime e o respeito aos direitos humanos são excludentes. Não são", disse Grella, em seu discurso de posse.
"Não pode se tolerar a omissão do Estado, mas não se pode aceitar, sob qualquer fundamento, a violação dos direitos fundamentais e liberdades civis", acrescentou.
Grella assume a pasta, em substituição a Antonio Ferreira Pinto, em meio a uma crise na segurança pública. Só em outubro, a capital teve aumento de 92% nos casos de homicídios dolosos (intencionais).
A fala dele foi bem recebida por membros do governo federal e por especialistas.
"O secretário Grella pode contar conosco caso precise. Mudar o perfil é importante, porque a população tem que perceber os órgãos como parceiros e não como inimigos", disse a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos).
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, o deputado Adriano Diogo (PT), afirmou que sempre é necessário "valorizar as intenções contra a barbárie".
Para ele, porém, para que essas intenções se materializem, é preciso alguns gestos.
"O secretário poderia começar tornando públicos os registros de óbitos dessas pessoas mortas na periferia. Quantas pessoas foram mortas, como e quais são as acusações contra elas?"
No discurso de posse, Grella disse ainda que fará um aperfeiçoamento do programa de segurança pública e que vai priorizar a ação policial a partir da inteligência.
Além disso, afirmou que pretende fortalecer a integração com outros Estados e com a União, manter a proximidade com a Secretaria da Administração Penitenciária e ter "o comando" das polícias.
As críticas à gestão de Ferreira Pinto iam exatamente nessa linha: a de que ele enfraqueceu a investigação da Polícia Civil e de que, por conta da série de mortes nos últimos meses, teria perdido o comando dos policiais.