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Igreja interviria se eu não assumisse, diz reitora da PUC

Para Anna Cintra, atitude significaria desrespeitar o estatuto da faculdade e abrir caminho para interventor

Segundo ela, oposição parte de grupo pequeno de alunos e boa parte da comunidade acadêmica já lhe ofereceu apoio

FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO

Reitora da PUC desde ontem, Anna Maria Marques Cintra afirmou que, se ela não aceitasse a nomeação, a Igreja Católica interviria diretamente na universidade.

Segundo ela, a Fundação São Paulo (mantenedora da PUC, presidida pelo cardeal dom Odilo Scherer) entenderia que a instituição não estava seguindo seu estatuto -que prevê que cabe ao cardeal escolher o reitor, a partir de lista tríplice feita na escola.

Abaixo, trechos da entrevista exclusiva concedida à Folha, a primeira de Cintra como reitora da PUC.

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Folha - Como a senhora vai dirigir a PUC nesse clima?
Anna Maria Marques Cintra - Tentaremos o diálogo com esse grupo de alunos. Não há alternativa. Mas temos recebido apoio de vários segmentos da universidade, que acreditam na institucionalidade da minha nomeação.
Recebi apoio do curso de ciências da religião, do professor [Francisco] Serralvo [segundo na eleição interna] e de boa parte dos docentes. A gestão começou. Não preciso das paredes da reitoria.

Mas a assembleia docente decidiu apoiar a greve.
A Apropuc [sindicato] é um grupo. Como na manifestação de hoje [ontem]... A PUC tem 14 mil estudantes. Quantos estavam lá? 50? 80?. Fomos lá porque queríamos o diálogo. Infelizmente, eles não permitiram isso.

A sra. assinou documento dizendo que não assumiria se não fosse a mais votada. Por que mudou de ideia?
A assinatura foi feita num momento de constrangimento, de protestos na campanha contra os três candidatos. Todos assinaram o papel.
Depois, dom Odilo entrevistou os três candidatos, separadamente. Para os três ele entregou um documento oficial que dizia os compromissos estatutários da universidade. A prerrogativa de escolha era dele. E ele perguntou se respeitaríamos o estatuto. Eu disse que sim. E os outros dois, também.
Além disso, me dei conta de que aquele papel que eu assinei [de não assumir o posto] era uma armação.

Como assim? De quem?
Não sei dizer. Uma outra coisa foi que colegas me disseram que, se eu não aceitasse, a Fundação São Paulo faria intervenção na universidade. E deveria fazer mesmo, porque [ao não aceitar a nomeação] seria um desrespeito ao estatuto da PUC. Aí poderia ser nomeado alguém de fora da universidade.
A universidade precisa ter autonomia acadêmica.

Mas a sra., como terceira colocada na lista e escolhida pela fundação, não fica em uma posição desprivilegiada para ter independência? Há pessoas na universidade que dizem que a sra. foi nomeada para que a Igreja possa aumentar os valores católicos na PUC.
A independência acadêmica é fundamental. E não parece que se esteja pleiteando que a PUC se torne confessional, onde só entra católico.
Queremos diminuir a influência da fundação. Há coisas que, como não estavam sendo feitas, a fundação pegou.
Por exemplo, o controle da ficha cadastral dos professores [revisão dos contratos do trabalho]. Hoje está com a fundação. Já avisei que agora ficará com a reitoria.

Quais são suas prioridades na sua gestão?
Queremos resgatar nossos cursos. A PUC já foi mais reconhecida. Ela não apareceu muito bem, por exemplo, no ranking da Folha [RUF].
Chamaremos professores e coordenadores dos cursos para ver o que precisa ser feito, se o currículo não está defasado. E precisamos melhorar nosso ambiente, nossos prédios estão bem feios.

De onde virão os recursos?
Vamos à Fundação São Paulo. Mas com projetos, para que eles possam nos ajudar. Queremos uma PUC maior e melhor. Também seremos agressivos para conseguir recursos em agências de fomento e de onde pudermos.


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