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O circo voltou
Criado em São Paulo por um imigrante húngaro em 1954, o circo Tihany volta à cidade depois de uma ausência de 13 anos
Num canto, um equilibrista de cabeça para baixo, com apenas um braço suportando o peso do corpo.
No outro, num tapete, uma contorcionista coloca o pé atrás da nuca. E, no tapete ao lado deste, uma acrobata se aquece fazendo uma abertura com as pernas esticadas.
A cena corriqueira deste circo volta a São Paulo depois de 13 anos. Criado aqui, em 1954, o Tihany leva o nome de uma cidade da Hungria que seu criador, Franz Czeisler, incorporou ao próprio nome.
Franz Tihany criou o circo logo depois que migrou para cá. Hoje o circo é o maior da América Latina e tem artistas de 25 países, como a trapezista russa Katia Shavrina.
Com 31 anos, ela "vive" no Tihany há sete meses com o marido, que também está no elenco, e a filha de sete anos. No total são 18 crianças vivendo no circo, que viaja do sul dos EUA até a América do Sul.
O espetáculo com mais de 70 artistas, hoje é administrado pelo pupilo de Franz Tihany, o também ilusionista Richard Massone.
Nascido em Rosário, Argentina, ele mantém casa lá com a mulher, mas sua moradia atual é um trailer confortável de quatro cômodos e poltronas reclináveis de couro.
Massone, que não gosta de falar sua idade, diz que é mágico desde a infância e que viu o Tihany pela primeira vez aos seis anos, em sua cidade natal. Sua avó o apresentou ao próprio Tihany dizendo: "Meu neto também é um mágico".
"O Tihany, em 58 anos de espetáculo, nunca teve crises. É considerado um dos três melhores espetáculos itinerantes do mundo", diz Massone, que entrou no elenco em 1980, na passagem do circo por Santos (litoral de SP).
Massone afirma que toda a infraestrutura custa "no mínimo alguns milhões de dólares", mas diz não saber o valor exato. O espetáculo é amparado na Lei Rouanet e também tem patrocínio privado.
MEDO DE PALHAÇO
Massone é o ponto alto do espetáculo, fazendo surgir um helicóptero num piscar de olhos, mas o palhaço Henri é talvez o personagem principal, por ficar mais tempo no palco.
Venezuelano, Henri Ayala, 33, mora na Inglaterra desde os oito. É fã de Charles Chaplin e diz que a preparação é detalhe. "O público é a coisa mais importante do espetáculo".
E medo de palhaço? "Acontece, mas no fim todo mundo cede. Ninguém fica com medo do palhaço após o espetáculo."