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Tragédia no Sul

Alunos da Federal de Santa Maria voltam às aulas com orações

Universidade realiza ato ecumênico ao ar livre; reitor diz que pediu projeto de memorial para homenagear mortos

Algumas turmas envolvidas na tragédia não tiveram aula; estudantes acabaram liberados por docentes

EDUARDO GERAQUE ENVIADO ESPECIAL A SANTA MARIA

As rodas de chimarrão perto dos prédios do Centro de Ciências Rurais da UFSM (Federal de Santa Maria) estavam silenciosas ontem.

No primeiro encontro no campus após a tragédia na boate Kiss, professores, funcionários e alunos -alguns, inclusive, sobreviventes- ainda tentavam entender o que aconteceu naquela madrugada de 27 de janeiro.

Dos 237 mortos, 116 eram alunos da UFSM. O curso de agronomia foi o que teve mais perdas -26 jovens morreram.

O reitor da universidade, Felipe Martins Müller, disse ter solicitado ao departamento de arquitetura um projeto para construir um memorial em homenagem aos alunos.

Quem conseguiu sair a tempo da boate demonstrava ontem uma nítida confusão de sentimentos. Alívio por estar vivo, mas tristeza por causa dos colegas que se foram.

Muitos sentiram-se aliviados em ter uma rotina para seguir novamente. O semestre em curso ainda é o de 2012, atrasado por causa de 107 dias de greve, e já está praticamente no fim.

Algumas turmas envolvidas na tragédia não tiveram aulas. Após um bate-papo rápido, professores liberaram alguns estudantes.

"Não existe muita receita para uma situação dessas. Resolvi que o melhor a ser feito é deixar os alunos fazerem todas as perguntas que quiserem. Claro que não teremos respostas para muitas delas", diz Paulo Sérgio Guimarães, professor de física.

As conversas eram em tom de voz muito baixo. Às vezes, alguns se abraçavam em silêncio. Muitos choravam. Os repórteres foram mantidos à distância. "É preciso que eles respirem", diziam os professores.

Os alunos chegaram por volta das 8h e, por orientação dos psicólogos, se encontraram ao ar livre. Às 9h, a universidade preparou um culto ecumênico -mais de mil pessoas se reuniram para ouvir líderes religiosos da cidade.

"Temos que continuar a caminhada, não podemos parar," disse dom Francisco de Assis, da Igreja Anglicana.

No ato, feito sobre um gramado, 116 velas foram acesas para homenagear cada um dos alunos mortos. A mensagem do papa Bento 16, enviada a Santa Maria, foi lida.

No início da tarde, outro momento de união. Estudantes e alguns professores fizeram um grande círculo ao ar livre e rezaram um pai-nosso.


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