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Defesa de Gil Rugai busca convencer júri a absolvê-lo em caso de dúvida
Professora depõe para explicar princípio do direito que favorece réu
No terceiro dia do julgamento de Gil Rugai, a defesa deixou clara qual deverá ser sua estratégia: deixar os jurados em dúvida para que o absolvam.
Gil é acusado de matar o pai, Luis Carlos Rugai, 40, e a madrasta, Alessandra Troitino, 33, em Perdizes (zona oeste), onde moravam, em 2004.
Como parte do plano, os advogados Marcelo Feller e Thiago Gomes Anastácio levaram ontem ao plenário uma especialista em tribunal do júri.
Ana Lúcia Pastore, professora de antropologia da USP e autora de tese sobre julgamentos, levou aos jurados o "in dubio pro reo", princípio do direito segundo o qual, na incerteza sobre a autoria do crime, a decisão deve favorecer o réu.
O depoimento foi apenas mais um elemento para pôr em prática a estratégia de colocar dúvidas na cabeça dos jurados, que foi usada, por exemplo, no julgamento de Carla Cepollina, no ano passado -ela foi absolvida da acusação de ter matado o coronel Ubiratan Guimarães, em 2006.
A defesa já atacou a principal testemunha, a motivação do crime e a investigação. E começou a desenhar outra hipótese para os assassinatos, que envolveria o narcotráfico.
Para a Promotoria, Gil matou o pai na casa após, pressionado, confessar ter desviado dinheiro da empresa.
Antes da professora, o contador Edson Tadeu de Moura, da empresa do pai de Gil, disse que não é possível dizer se houve desvios de dinheiro.
TESTEMUNHA
O principal questionamento da defesa, já no primeiro dia, foi sobre o testemunho do vigia Domingos Ramos de Andrade, que afirma ter visto Gil sair da casa após os disparos.
Segundo a defesa, ele se contradisse: primeiro afirmou que não viu, depois que estava dentro de sua guarita quando o viu, e, no julgamento, que ouviu os disparos, se aproximou da casa e viu Gil sair.
A Promotoria diz que, inicialmente, ele teve medo.
Os advogados também tentaram pôr em dúvida a investigação, dizendo que faltaram laudos importantes, como o que sustentaria o motivo do crime: um laudo que comprovaria a fraude financeira.
Outro ponto explorado na tese dos advogados é que Gil estava em outro lugar no momento do crime e que outros suspeitos não foram investigados. Segundo a defesa, o pai de Gil pode ter sido morto após ter feito filmagens em um aeroclube que seria ponto de entrada de drogas.
Último a depor no dia, Léo Rugai, irmão de Gil, disse ontem que acredita na inocência dele. " Eu o conheço, eu acredito nele", disse. Depois do depoimento, os dois se abraçaram, ainda no plenário.
O réu deve ser ouvido hoje.