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De olho na agenda
ADRIANA FARIAS DE SÃO PAULOO calendário colorido de Tomaz, 6, está todo preenchido de atividades diárias. Além das aulas na escola, à tarde, ele faz futebol, natação, frequenta um clube recreativo e reserva meia hora para a lição de casa.
A rotina dele não é muito diferente da de seus colegas, que ainda completam a agenda com aulas extras de inglês, música, pintura e balé.
"Os pais têm uma preocupação de ocupar totalmente a vida dos filhos, mas as crianças têm que ter tempo para respirar", diz Solange Sousa, coordenadora pedagógica do colégio Ofélia Fonseca, em Higienópolis (zona oeste), onde o garoto estuda.
A chef de cozinha Ana Helena Hasckel, 44, escolheu um dia da semana para o filho Rafael, 6, poder brincar ou descansar das aulas de inglês, natação e do clube de escoteiros. "A sexta é livre, mas no ano que vem ele deve começar equitação", diz.
Segundo Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, é normal que crianças mais proativas precisem de mais atividades que outras.
"O problema é quando não dão conta das expectativas dos pais, que querem que elas façam tudo e ainda sejam as melhores", afirma.
Mas como saber que a criança está sendo sobrecarregada? "A família deve fazer o levantamento das atividades de forma que o filho tenha a hora de brincar e de fazer as tarefas de responsabilidade", orienta a pedagoga Neide Saisi, da Faculdade de Educação da PUC-SP.
PLACA E CANETINHA
Para Neide, é importante que a criança entenda seus horários. Foi com plaquinhas coloridas indicando as atividades do dia que Henrique, 6, aprendeu a se organizar.
"Como as crianças ainda não compreendem o tempo, a ordenação dos momentos do dia dá a ideia de rotina", explica a educadora Daniela Miranda, do Ofélia.
A escola Castanheiras, em Santana do Parnaíba (SP), ensina noções de calendário nas aulas de matemática. Os colegas João Henrique e Fernanda, 6, têm lousas e riscam com canetinha cada tarefa.
"Há uma sensação de prazer quando a criança conclui uma tarefa. Sem organização, ela perde essa oportunidade de sentir que está produzindo algo", afirma Quézia.