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Executiva faz de brincadeiras um negócio

Premiada, Pupa quer ser rentável ensinando cuidadores de baixa renda a estimular aprendizado de crianças

Educação até os 4 anos e meio de campo entre ONGs e filantropia de empresas são vácuos a suprir, diz fundadora

LUCIANA COELHO EDITORA-ADJUNTA DE "MERCADO"

"A primeira inovação é a gente conseguir trazer uma comunicação de neurociência e educação para pessoas de baixa escolaridadeMARY ANNE DE AMORIMpresidente da Pupa

Pilotada pela ex-presidente da gigante marítima MSC, Mary Ann de Amorim, a Pupa abriu as portas há um ano com o projeto de oferecer cursos sobre aprendizagem na primeira infância (0 a 3 anos) a pais ricos e pobres --cobrando dos ricos e subsidiando os cursos aos pobres.

Ainda sem atingir o equilíbrio nas contas, a empresa hoje tem escritório na Vila Olimpia, um empréstimo de US$ 3 milhões conquistado em um concurso de projetos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), 11 funcionários e parcerias com companhias como a Vale e a Lego.

Até 2015, espera se tornar uma empresa rentável."Não verticalizo minha operação", explica Amorim. "Eu envolvo as pessoas de dentro das comunidades de baixa renda para executar e certifico os educadores que já estão lá para que eles multipliquem o programa, transferindo o protagonismo da primeira infância para a comunidade."

A empresa promove cursos presenciais e desenvolve tecnologia para tornar pesquisas em neurociência um conteúdo acessível a pais de todas as classes.

Para desenvolver o material e criar novas formas de interação, cercou-se de especialistas como o neurocientista João Augusto Figueiró e o musicista Hélio Ziskind.

"A primeira inovação é a gente conseguir trazer uma comunicação de neurociência e educação para pessoas de baixa escolaridade", diz.

REVIRAVOLTA

A Pupa começou de uma guinada que Amorim, 39, deu na própria vida. Administradora, mãe de quatro filhos e no topo da carreira, aos 35 ela sentiu necessidade de experimentar algo novo.

Fez as malas e foi para Cambridge, na região de Boston (EUA), estudar relações internacionais. Lá, perto de universidades como a Tufts, Harvard e o MIT, decidiu que queria investir em ação social de impacto, preferencialmente voltada a mulheres e crianças. "Mas nunca me vi no terceiro setor, nada de ONG."

Não demorou para encontrar seu foco. "A primeira infância no Brasil é um filho bastardo, ninguém cuida e ninguém investe", reclama. "Capital humano se constrói até os 4 anos de idade."

Os cursos oferecidos pela Pupa, divididos em módulos de 8 horas ou 16 horas, têm como 70% de seu público cuidadores (pais, avós ou mesmo babás de famílias mais abastadas) de baixa renda.

Os outros 30% pagam até R$ 600 e ajudam a Pupa a se financiar e atrair atenção. A ideia é passar essa proporção para 90% a 10%, sem virar entidade filantrópica.

Para tanto, faz parcerias com empresas e ONGs, geralmente como intermediária, e presta consultoria a empresas. No fim do mês, fará com a Vale um curso para comunidades carentes de Vitória.

O empréstimo do BID, onde ela buscou o know-how para desenvolver uma franquia social nos moldes de empresa grande, ajudou.

Os cursos da Pupa educam cuidadores para estimular as crianças intelectualmente pela brincadeira --algo que, diz a empresária, está em falta.

Resgatam o lúdico nos adultos e usam materiais simples, como caixas e garrafas plásticas, para criar brinquedos, além de livros e CDs de música infantil. De caro, diz Amorim, há apenas peças de Lego, que doa os brinquedos.

"Não é o dinheiro nem o consumo que vai comprar a inteligência do seu filho", pondera ela.

"É o olhar lúdico, é você permitir que a criança tenha sensoriais diferentes. A gente busca o que é simples."


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