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Start-up sofre para chegar a escolas públicas

Leis e falta de cultura fazem com que empresas de tecnologia tenham dificuldade para atingir 150 mil colégios

Empreendedores têm de ir de cidade em cidade para mostrar sistema ou apostar em contratações indiretas por fundações

FILIPE OLIVEIRA DE SÃO PAULO

O Brasil tem 190 mil escolas de ensino básico, das quais 150 mil são públicas. Trata-se de um mercado enorme para empresas que criam plataformas tecnológicas para a educação. Mas há grandes empecilhos para vender esse tipo de serviço.

"É perigoso se iludir com o gigantismo do setor público e pensar que é fácil atuar nele", afirma Alfredo Pinto, sócio da consultoria Bain & Company. "Quando se fala em municípios, onde estão a maioria das escolas de nível fundamental, a quantidade de pessoas com quem o empreendedor terá de interagir para conseguir apresentar sua empresa é muito grande."

Bruno Werneck, sócio do escritório de advocacia Mattos Filho, diz que a lei de licitações tende a dificultar compras de empresas iniciantes.

A legislação exige que se apresente um capital social mínimo, histórico de vendas anteriores e que haja uma concorrência, o que é difícil para empresas inovadoras.

"Para os governos, comprar livros é muito fácil, porque é um processo muito maduro. Mas eles não sabem comprar tecnologia", afirma Eduardo Bontempo, 30, sócio da Geekie.

A empresa desenvolve plataformas para testes com metodologia similar à do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e para ensino adaptativo (que identifica a forma de o aluno aprender e sugere atividades e roteiro de estudos).

"Isso é consequência de estarmos em um mercado que não existia e acredito que as instituições públicas vão se habituar a isso quando o setor se tornar mais relevante", opina o empresário.

Por causa dessa dificuldade, ele optou por começar a apresentar a Geekie em colégios tradicionais de São Paulo como Bandeirantes, Dante Alighieri e Porto Seguro.

TRABALHO DE CAMPO

Exceções à regra são possíveis (criando editais mais simples ou assumindo a inexistência de concorrentes), mas expõem o gestor governamental que faz a compra a questionamentos futuros.

Um dos que apostam na venda de cidade em cidade é o empreendedor alemão Sven Kottmann, 42, sócio da empresa, que tem escritório no Cietec (incubadora de novos negócios da USP) e desenvolve uma plataforma de jogos de perguntas feitas a partir de livros infantis.

Para aumentar as chances de sucesso, ele geralmente mostra o produto para professores que, quando gostam da ideia, o ajudam a convencer secretários de educação.

Até agora, a plataforma funciona em 25 escolas públicas e 15 particulares de 10 Estados. Para engajar os alunos no jogo, antes da Copa ele criou um campeonato entre os estudantes das instituições que usam a ferramenta.

Outra alternativa é a aposta em contratações indiretas, por meio de fundações que prestam serviços à escola.

É esse o caso da Tamboro, que oferece o game "Ludz" para o ensino de matemática e português a partir de um sistema que se adequa ao nível de aprendizado dos alunos do 5º ao 9º ano. O sistema começou a ser testado em escolas da rede pública em parceria com ONGs e fundações empresariais.

No momento, mantém relação com Fundação Telefônica Vivo, Instituto Natura, Fundação Lemann, entre outras, e tem perspectivas de estar em 30 colégios no segundo semestre deste ano.

"A gente tem visto muito interesse de escolas em implementar pilotos da plataforma e testar os resultados" diz Maíra Pimentel, 38, sócia da Tamboro. "Mas há dificuldades para que elas encontrem mecanismos para que a máquina governamental compre diretamente de uma empresa pequena. Ficamos sem saber o que fazer."

CAÇA-EDITAIS

A Evobooks, que produz aplicativos educacionais com imagens em 3D, conseguiu entrar nas escolas públicas aproximando o modelo de seu produto dos livros didáticos, mais fácil de ser compreendido pelo setor.

A empresa também se especializou em descobrir onde estão os prováveis clientes e em entender as regras dos editais de inovação no ensino, diz Felipe Rezende, 28, sócio da empresa.

"Temos de mapear quais escolas estão propensas a inovação. Ficamos atentos para ver onde estão saindo editais para compra de tablets para escolas, porque é provável que nessa região existam oportunidades."

A empresa vendeu sua solução para cerca de 950 escolas públicas.


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