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Racha nas urnas se refletirá no governo

Polarização profunda na eleição deve deixar presidente com pouca margem de manobra, e consensos serão difíceis

Após meses de troca de acusações, Obama e Romney chegam ao fim da campanha presidencial empatados

Butch Comegys - 30.ago.2012/Associated Press
Garota de três anos segura cartaz criticando Romney em protesto em Scranton (Pensilvânia)
Garota de três anos segura cartaz criticando Romney em protesto em Scranton (Pensilvânia)
LUCIANA COELHO ENVIADA ESPECIAL A CHICAGO

Quando os americanos chegarem hoje às urnas para assinalar o nome do democrata Barack Hussein Obama II, 51, ou do republicano Willard Mitt Romney, 65, estarão tão divididos como em 2000, tão agressivos como em 2004 e tão frustrados como em 2008.

O que não se vê ao fim de uma campanha presidencial exaustiva ao qual os candidatos chegam rigorosamente empatados é esperança. O dilema na cédula é manter por mais quatro anos um governo que não retirou o país totalmente da crise ou testar outro cujo partido empurrou-o para o abismo.

As pesquisas refletem essa polarização profunda. Após meses de troca de acusações e uma avalanche de comerciais negativos, o levantamento da CNN com o instituto Opinion Research feito entre sexta-feira e domingo mostrava o democrata e o republicano com 49%.

No do Gallup, Romney tinha 49%, ante 48% de Obama. No do instituto Pew, o presidente aparecia três pontos à frente, 50% a 47%, dentro da margem de erro de 2,2 pontos em ambas as direções.

Esse racha deve se refletir não só nos resultados de hoje como no próximo governo e na sua margem de manobra, seja quem for o presidente.

"O país está polarizado, não só as pessoas dos dois lados do espectro político mas os Estados também", alerta Paul Green, diretor do Departamento de Ciência Política e Gestão Pública da Universidade Roosevelt, em Chicago.

"Será muito difícil chegar a consensos."

Com a possibilidade de vitória em aberto, as duas campanhas reivindicavam o título de favorita e investiam até o último segundo para convencer o eleitor a ir às urnas -nos EUA, o voto não é obrigatório, e um alto comparecimento é crucial para selar a vitória.

Nas últimas 72 horas, os dois presidenciáveis e seus companheiros de chapa, o vice-presidente, Joe Biden, e o deputado Paul Ryan, visitaram todos os oito Estados onde a disputa ainda está indefinida -Ohio, Flórida, Virgínia, Colorado, Iowa, Wisconsin, Nevada e New Hampshire. Eles decidirão a eleição.

ARTISTAS

Ao lado do veterano roqueiro Bruce Springsteen, Obama prometeu a 18 mil eleitores em Madison, Wisconsin, que "a luta continua". "Sabemos que os americanos são melhores quando todos têm uma chance justa", afirmou, resumindo a defesa de um Estado mais protetor e uma sociedade mais igualitária, que é a base de sua plataforma.

Desde domingo, o presidente subiu ao palco com Steve Wonder, Katy Perry, Dave Matthews e o rapper Jay-Z, mostrando que, se a esperança que conjurou em 2008 minguou na Casa Branca, seu apelo pop segue inabalado.

Romney lotou comícios na Flórida e na Virgínia e seguiria para Ohio.

"A única coisa que nos afasta dos melhores dias que podemos imaginar é a falta de liderança", disse. Mais tarde, tentaria reverter o slogan do rival a seu favor: "O presidente prometeu mudança, mas basta examinar seus feitos para ver que ela não veio".

A troca de acusações marcou toda a campanha, aparentemente com efeito positivo para os candidatos, que passaram a maior parte do tempo se esquivando de detalhar sua plataforma.

Até o dia 25, o Partido Democrata e seus grupos de apoio haviam gasto US$ 931 milhões, e o Republicano,

US$ 1,02 bilhão, na conta do Centro por uma Política Responsável, que monitora as finanças eleitorais. Obama arrecadara US$ 632 milhões, e Romney, US$ 389 milhões.

Por causa disso, reflete Green, a votação de hoje não será selada por posições políticas, mas pela habilidade de organizar uma campanha:

"Cá estamos na chamada maior democracia do mundo, e o que vai decidir a eleição é o processo, não a substância".

COLÉGIO ELEITORAL

A eleição nos Estados Unidos ocorre em um Colégio Eleitoral com blocos de representantes estaduais norteados pelas urnas locais -como um grande quebra-cabeça com 51 peças de diferentes tamanhos que, montadas, indicam o resultado.

No intrincado processo, Obama impôs uma ligeira vantagem nos Estados que mudam de opinião, embora ela nunca tenha saído da margem de erro.

Para tentar consolidar essa margem, sua campanha ainda ontem enviava funcionários a locais decisivos, convocava voluntários para bater de porta em porta e telefonava a eleitores em busca de uma doação final ou uma promessa de voto.

Paralelamente, preparava um asséptico centro de convenções em Chicago para uma eventual festa da vitória.

Ao fim da noite, cada candidato iria se recolher a sua cidade-base -Obama em Chicago, Romney em Boston- para aguardar os resultados. Ambos sabem que qualquer coisa pode acontecer.


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