Folha de S.Paulo

Análise

Cinco pontos podem levar Barack Obama à reeleição hoje

SÉRGIO DÁVILA EDITOR-EXECUTIVO

Se não houver surpresas extraeleição, como foi o caos de contagem de votos da Flórida em 2000, o democrata Barack Obama deverá ser reeleito presidente hoje, batendo o republicano Mitt Romney. Por cinco motivos:

1. Liderança nos Estados indecisos. As eleições presidenciais americanas não são diretas nem nacionais, mas uma série bizantina de disputas estaduais, que elegem 538 delegados, que compõem um Colégio Eleitoral, o qual escolherá o vencedor; ganha quem leva metade dos votos + 1, ou 270 votos.

Segundo os levantamentos mais recentes, 237 delegados votam ou tendem a votar no democrata, ante 206 que votam ou tendem a votar no republicano.

Ocorre que, na maioria dos Estados indecisos, onde estão os 95 votos faltantes, Obama lidera nas pesquisas de opinião pública ou foi vencedor em 2008. Ou os dois juntos, caso de Ohio.

2. Imagem pós-furacão Sandy. Depois de cochilar no primeiro debate presidencial, o democrata vestiu a roupa de "comandante em chefe" no último encontro, sobre política externa, que mostrou um Mitt Romney indeciso.

A imagem foi reforçada durante o furacão Sandy, na semana passada, que deverá surtir efeito inverso ao do Katrina, em Nova Orleans, para seu antecessor, George W. Bush, em 2005.

Obama suspendeu a campanha, já nas primeiras horas apareceu em foto ajudando pessoas atingidas e foi elogiado pelo governador de Nova Jersey, Chris Christie, um republicano crítico de seu governo que até foi sondado para vice na chapa de Romney.

Já este se encrencou ao criticar a agência federal de ajuda em emergências, a Fema, e depois recuar.

3. Ele matou Osama bin Laden. Ao comandar a captura e autorizar a execução do terrorista saudita, Obama se livrou de dois problemas de uma vez: o mito de que o autor do 11 de Setembro era incapturável (a dupla Bush/Cheney tentou por sete anos) e a pecha de que os democratas são "fracos" em política externa.

4. A economia dá sinais positivos. Após viés de alta, o desemprego volta a cair aos índices do começo do governo do democrata e abaixo dos fatídicos 8%.

Desde Franklin Roosevelt (1933-1945), nenhum presidente foi reeleito com um índice de desemprego maior que 8%.

Além disso, os consumidores voltaram a gastar mais e a poupar menos, o preço dos imóveis está se recuperando, os bancos estão voltando a emprestar e economistas já falam em crescimento entre 2% e 3% do PIB para 2013.

5. Ele representa o "mal conhecido". "Socialista", "muçulmano", negro, todos os pontos (verdadeiros ou não) que fazem de Obama um presidente único já foram assimilados pela maior parte da população depois de quatro anos de governo.

O mesmo não vale para o "polígamo", mórmon, "liberal enrustido" Mitt Romney.