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Depoimento

Comparada a 2008, campanha de Obama mostra sinal de cansaço

PATRÍCIA CAMPOS MELLO ENVIADA ESPECIAL A CINCINNATI, OHIO

A trilha sonora dos comícios é a mesma: Stevie Wonder cantando "Signed, sealed, delivered, I'm yours". Mas o clima não poderia ser mais diferente.

Passei o ano de 2008 na estrada, cobrindo a campanha eleitoral americana. O tipo de emoção que Barack Obama despertava naquela época era incrível. A possibilidade de eleger o primeiro presidente negro nos Estados Unidos movia multidões para os comícios dele.

Na noite da eleição no parque Grant em Chicago, jornalistas -sim, esses seres supostamente imparciais- choravam de alegria com a divulgação dos resultados da votação. "Ele venceu em Ohio! Pensilvânia!", comemorava uma delas.

Domingo passado fui a um comício de Obama em Cincinnati, Ohio. A plateia era bem mais modesta -14 mil.

Em 2008, era comum Obama atrair multidões de 60 a 80 mil. Ainda havia alguns dos mesmos gritos de guerra -como "Fired up - Ready to go" (algo como animado, pronto para ir). A plateia era 70% negra e jovem, e muitos conservavam o mesmo entusiasmo da eleição histórica de 2008. Nos comícios de Romney, a brincadeira entre jornalistas é: onde estão os negros? Por que não há nenhum.

Mas havia um "não sei que" de cansaço entre os obamistas. Alguns começaram a sair antes do fim do comício, enquanto Obama ainda estava falando.

No começo do evento, aconteceu algo impensável quatro anos atrás -dois manifestantes infiltrados, gritando impropérios no meio da plateia, contra o aborto, contra o presidente.

Obama, com os cabelos mais grisalhos, estava rouco e parecia exausto.

Ele deixou para trás os temas grandiosos como aquecimento global (lembram do dia em que os oceanos iam parar de subir?) e também como o fim da divisão em Washington (bipartidarismo é tão demodé).

Agora partiu para a campanha negativa, pregando que Mitt Romney é uma volta às práticas de Bush que levaram à atual crise econômica e que o republicano será nocivo para a classe média.

Mas, mais do que os ataques contra o concorrente, Obama passa boa parte dos comícios se explicando.

Por que não conseguiu preencher as estratosféricas expectativas que criou em sua eleição, em 2008? "Estamos no caminho certo, (eu preciso de) mais quatro anos", diz.

Alguns ainda resistem, como Nate Watts, baixista de Stevie Wonder há 40 anos.

"Tocamos para o candidato Obama na casa da Oprah, em 2008, nos comícios, e depois fomos tocar para o presidente Obama na Casa Branca", contou Watts à Folha.

"Toda vez que acabávamos de tocar, ele vinha até aqui cumprimentar a banda, um por um. Você sabe o que é isso? Ninguém nunca cumprimenta a banda. Obama é o cara que cumprimenta a banda, o presidente que cumprimenta a banda."


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