Folha de S.Paulo

Vencedor de futuro

F123 oferece autonomia a baixo custo

DA ENVIADA ESPECIAL

Checar os e-mails, ler as notícias, conversar online com os amigos. O que parece banal é, para os

cegos, mais um passo a distanciá-los do convívio natural com a sociedade.

É essa autonomia que o F123 possibilita, a um preço baixo, utilizando hardware barato e software livre. É o único no mundo que oferece essas condições.

O alto custo dos programas de mercado que leem e ampliam a tela dificultam a contratação de deficientes visuais. Segundo dados do Censo 2010, do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 6,5 milhões de pessoas declararam ter grande dificuldade de enxergar, sendo que 506,3 mil eram cegas, mas poucas são as políticas públicas para esse grupo.

A inclusão digital significa uma oportunidade de educação efetiva e de qualificação do profissional.

Fernando Botelho desenvolveu um sistema que pode ser carregado num pen-drive e instalado em

escolas, LAN houses e em empresas. Enquanto o F123 sai por R$ 350, o concorrente custa R$ 4.500.

O sistema funciona em Linux, Windows ou Mac, e o usuário não precisa de conhecimentos avançados. Por ser livre, o F123 pode ser distribuído e melhorado por qualquer pessoa em qualquer parte do mundo.

O sistema vem pronto para o usuário final em versões semelhantes ao Windows e ao MS Office.

O pacote inclui os seguintes programas: LibreOffice (documentos), planilha eletrônica e apresentação, navegador para internet Firefox, cliente de e-mail Thunderbird e mensageiro instantâneo Pidgin -que se comunica com redes como MSN, Skype, Google Talk, Yahoo, Facebook e Twitter.

DEFICIÊNCIA

A deficiência visual é a que mais atinge os brasileiros (23,9%): 6,5 milhões afirmam ter baixa visão e 506 mil se declaram cegos (Censo 2010 IBGE). A OMS estima que existam 180 milhões de deficientes visuais no mundo, dentre os quais 45 milhões são cegos e o restante tem visão subnormal

EDUCAÇÃO

No Brasil, 61% da população com 15 anos ou mais com deficiência não têm instrução ou têm apenas o ensino fundamental completo, contra 38% da população sem deficiência (Censo 2010 IBGE). A baixa escolaridade é o principal entrave na inclusão no mercado de trabalho

TRABALHO

Apesar do avanço da Lei de Cotas, 71% das empresas preferem contratar pessoas com deficiência física; só 7% contratam deficientes visuais (I.Social)