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Betinho combateu a miséria
da Equipe de Trainees
Criador da Ação da Cidadania contra a Miséria e pela
Vida, o sociólogo Herbert de Souza (1935-1997), o Betinho, foi
uma das principais lideranças de uma nova corrente de trabalho
solidário: a de instituições que não dependem
do Estado e buscam em parcerias com o setor privado recursos para manter
suas atividades.
Patrícia
Santos-22.nov.95/Folha Imagem
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O sociólogo
Herbert de Souza, o Betinho, segura a estampa de uma camiseta que
usou durante passeata no Rio de Janeiro; ele criou a Ação
da Cidadania contra a Miséria e pela Vida, que teve início
em 1993 e ainda hoje distribui alimentos a famílias carentes
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A campanha do Betinho, como ficou conhecida, começou em 1993 com
o objetivo de combater a fome. Em sete meses já havia cerca de
3.000 comitês espalhados pelo Brasil.
Na mesma época, 30 mil voluntários estavam engajados na
campanha, que tinha arrecadado até então 500 mil toneladas
de alimento para serem distribuídos.
O Betinho dizia que quem tem fome tem pressa, lembra Maria
Nakano, viúva do sociólogo, que era portador do vírus
da Aids _contraído em uma das transfusões de sangue a que
ele se submeteu por ser hemofílico.
CONSCIÊNCIA
Para Nakano, que é coordenadora de comunicação social
do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas),
o legado de Betinho é ter lançado sementes na consciência
da população em relação à cultura do
voluntariado, que ainda precisa ser criada no Brasil.
Ela ressalta que algumas iniciativas da campanha ganharam vida própria
e passaram a fazer parte da rotina do brasileiro, como a troca de um quilo
de alimento não-perecível por ingressos em diferentes eventos.
Betinho foi um dos fundadores do Ibase, criado em 1980 para pesquisar
dados sobre a sociedade brasileira. Nos anos 90, o instituto se tornaria
um dos articuladores da Ação da Cidadania.
Em 1994, Betinho esteve cotado para receber o Prêmio Nobel da Paz,
pela sua campanha. Não foi escolhido, mas chamou ainda mais atenção
para o trabalho que desenvolvia desde a década de 80, quando voltou
do exílio.
Embora não tenha participado da luta armada, o sociólogo
teve que sair do país por manifestar-se contra o regime militar.
A letra da canção O Bêbado e a Equilibrista,
de João Bosco e Aldir Blanc, adotada como hino do movimento pela
anistia, se refere a ele quando fala da volta do irmão do
Henfil. (CRJ)
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