São Paulo, sábado, 18 de setembro de 1999


 


Especialistas divergem sobre
atuação profissional


da Equipe de Trainees

A tendência de profissionalização do setor voluntário não é unanimidade entre os especialistas em filantropia.
Segundo Stephen Kanitz, consultor de empresas, não há espaço para o profissionalismo do setor, as empresas são muito pequenas, e os salários, baixos.
Luiz Carlos Merege, coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor da Fundação Getúlio Vargas (Cets-FGV), diz que a profissionalização é uma tendência e veio para ficar.
“O setor tem oferecido cada vez mais vagas. A filantropia demanda uma mão-de-obra intensiva. Não dá para introduzir tecnologias modernas que substituam o trabalho humano no trato com as pessoas”, afirma Merege
Porém Kanitz diz que, só no ano passado, as instituições sem fins lucrativos demitiram 1.600 pessoas, conforme o levantamento feito nas 400 instituições pesquisadas por sua consultoria.

Quem atua no setor
Profissionais por área de atividade
Crescimento da mão-de-obra
Mão-de-obra remunerada
Crescimento por área de atividade
Crescimento do número de instituições


“Nos EUA, o terceiro setor pode absorver um monte de gente; nós estamos longíssimo disso. Nem para trabalhar de graça tem lugar”, afirma.
Sem acreditar na dedicação integral de profissionais à filantropia, o consultor procura estabelecer uma base de dados que oriente os investimentos do empresariado para o setor.
“Eu preciso fazer a cabeça do empresário que não doa no Brasil porque acha que as entidades não são profissionais”, diz.
Para isso, criou o Prêmio Bem Eficiente, que publica os dados, desde 1997, sobre as 50 mais eficientes entidades por ano.
A eficiência das instituições é medida por meio de 46 critérios, entre os quais repasse de recursos, transparência, organização e situação financeira.
Na opinião do coordenador do Cets-FGV, “a filantropia vem se tornando um setor estratégico para as empresas”, que investem cada vez mais nessa área.
Kanitz também critica a atuação das escolas que têm cursos de gestão de organizações sem fins lucrativos. “As escolas de administração vendem o peixe que as entidades são mal administradas e elas é que vão ensinar. Infelizmente, é o contrário”, diz o consultor, que considera que as escolas têm muito a aprender com as instituições.

CENTROS DE ESTUDO
A criação dos centros de estudos específicos para o setor filantrópico dentro de importantes escolas de administração de empresas é sintoma de uma preocupação em aplicar técnicas do mercado (lucrativo) nas instituições sem fins lucrativos.
Pioneiro na área, o Cets-FGV tem um curso semestral de 44 horas. Desde 1996, forma 70 “administradores voluntários” por ano.
Do currículo, constam aulas como marketing, planejamento estratégico, captação de recursos, administração financeira, elaboração de projetos, aspectos jurídicos e recursos humanos.
Para Merege, são profissionais que devem se capacitar para coordenar competência técnica e ideais. (REA)

Quem pesquisa o voluntariado
Centro de Estudos do Terceiro
Setor (Cets FGV-SP)
0/xx/11/281-7700
Centro de Estudos em Administração
do Terceiro Setor (Ceats FEA-SP)
0/xx/11/8185836
Núcleo de Estudos de Administração
do Terceiro Setor (Neats PUC-SP)
0/xx/11/3670-8513

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