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Sem saudade

Na rua Javari, ninguém lamenta o fim do Palmeiras B, que se despediu do futebol ontem com rebaixamento para a 4ª divisão

FABIO LEITE DE SÃO PAULO

O Palmeiras B empatou, caiu e acabou, mas nenhuma lágrima rolou ontem no estádio da rua Javari, onde o time deu adeus ao futebol após 13 anos com um 3 a 3 ante o Sertãozinho e a 18ª colocação na Série A3 do Paulista.

Embora tenham lamentado a despedida sem vitória e com rebaixamento para a quarta divisão estadual, nem jogadores nem familiares nem técnico nem torcedores queixaram-se da extinção da equipe "aspirante".

A decisão já havia sido tomada pela diretoria do Palmeiras um mês antes do apito inicial da partida. Para os cartolas, a equipe B não cumpria a função de revelar jogadores e tinha um alto custo --cerca de R$ 800 mil por mês.

Ou seja, colocar o Palmeiras B em campo dava prejuízo. Ontem, por exemplo, além dos salários dos 18 jogadores --R$ 5.000, em média--, e do restante do estafe, o clube pagou ao Juventus R$ 6.000 pelo aluguel do estádio. A renda do jogo foi de R$ 770.

Se os números mostram a inviabilidade financeira do time, a partida de ontem escancarou a baixa qualidade técnica de atletas que já não têm nem futebol nem idade que valham investimento de um clube sem dinheiro.

"Melhor coisa é acabar mesmo. Não tem ninguém aí que possa ser aproveitado", criticou o analista administrativo e palmeirense Daniel Tibério, 30, um dos 58 torcedores que pagaram R$ 20 para assistir à partida na fria manhã de domingo.

Metade do elenco que atuou ontem tem mais de 20 anos --idade limite para disputar torneios juniores-- e não continuará no clube.

Será emprestada, vendida ou terá o contrato rescindido.

Ao todo, o Palmeiras B tinha 50 atletas inscritos.

"Vamos tentar colocá-los em outras equipes, usá-los como moeda de troca", disse o técnico Hamilton Ramos.

"Estou tranquilo. Achava melhor terminar mesmo. Terça-feira eles [diretoria] vão nos falar o que vai acontecer. Mas a maioria aqui arruma time rapidinho", disse o volante Alexandre, 21, ex-Vasco, que tem contrato com o clube até o fim do ano.

É o caso do atacante Julio Cesar, 23, ex-XV de Piracicaba, que tem contrato até 2015.

Antes mesmo de entrar no vestiário após o fim do jogo, ainda ofegante e com o uniforme alviverde sujo de barro, ele recebia uma proposta do técnico do Grêmio Prudente, Jorge Parraga, que monta o time que disputará a quarta divisão estadual este ano.

"O time B é visto como cemitério de jogador, mas essa não é a realidade. Graças a Deus tem muita gente interessada no meu futebol e essa semana eu decido para onde vou", disse o jogador.

Para quem permanecerá no clube, a nova filosofia da direção, que acabou com o Palmeiras B para priorizar as ações nas categorias de base, aumenta a expectativa de chegar ao time principal.

"Agora eles devem aproveitar mais os jogadores da base no profissional", disse o metalúrgico Cesário Barbosa, 46, pai do lateral direito Cesinha, 19, que disputará o Paulista Sub-20.

O fim da equipe B também dará descanso à garganta do aposentado Flávio Bagnoli, 71, o maior algoz das arbitragens nos jogos do time na rua Javari. "Se é Palmeiras, vou até em jogo de botão", disse.

E nem fará falta ao bolso de José da Silva Andrade, 73, que há mais de 30 anos vende amendoim no estádio.

"Não vendo nada porque não vem quase ninguém ver o Palmeiras B", afirmou.

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"O time B é visto como cemitério de jogador, mas essa não é a realidade. Graças a Deus tem muita gente interessada no meu futebol e essa semana eu já decido para onde vou"

JULIO CESAR
atacante do Palmeiras B


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