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Corinthians foi linchado e pagou sua dívida, diz Gobbi

ENTREVISTA
Presidente afirma que clube não custeará ajuda aos presos

LUCAS REIS DE SÃO PAULO

Se 2012 foi o ano dos sonhos do Corinthians, 2013 começou em um ritmo alucinante, principalmente em tudo o que se refere à parte administrativa do clube.

O caso Kevin Espada e o problema com o milionário patrocínio do clube dividem as manchetes com a companha do time na Libertadores.

Para o presidente do clube, Mário Gobbi Filho, 51, o Corinthians foi linchado pela opinião pública após a morte do torcedor boliviano, mas já pagou sua dívida. Ele explicou por que não vai oferecer ajuda jurídica ou financeira aos 12 torcedores presos na Bolívia desde fevereiro.

"Mais do que já ajudamos, só se eu formar um batalhão de guerrilha e usar a força", disse o cartola à Folha. Veja trechos da entrevista concedida no início da semana.

Folha - A dívida do clube no caso Kevin está paga?

Mário Gobbi Filho - Está muito bem paga, por dois motivos. Estamos cumprindo pena da Conmebol, que proíbe nossa torcida em jogos como visitantes. Mais forte que essa pena foi o linchamento pelo qual o clube passou sem merecer. Como se o clube fosse o causador do evento no estádio de Oruro [Bolívia]. O estádio não era nosso, o mando não era nosso, o policiamento não era nosso. Quem permitiu a entrada de fogos não fomos nós. O clube foi tachado por partícipe, coautor. Você não consegue segurar a conduta de milhares de pessoas.

O clube sempre se orgulhou de sua torcida. Não está sendo omisso neste momento?

Não. Aguardamos um período razoável para que a Justiça da Bolívia apontasse o autor [do disparo do sinalizador que matou Kevin]. Diante da inércia de se apurar, fomos ao Ministério da Justiça e ao Ministério das Relações Exteriores. Fomos contundentes em denunciar a ilegalidade da prisão, o abuso, a violência que representava a prisão. É mais grave o que estão fazendo com os 12, pois estão vivos e sofrem uma tortura, do que a morte propriamente dita. Eu não posso mais que isso. Só se formar um batalhão de guerrilha e ir lá usar a força. A diretoria está fazendo tudo o que pode ser feito dentro da lei. Agora, aparições, oportunismos, apelos, se aproveitar do fato para ficar uma coisa de sensacionalismo, [isto] não é nosso perfil.

É um modo de evitar vínculos com a torcida organizada?

Não. Se eu tivesse dado uma ajuda deste tipo, pecuniária, você estaria hoje me perguntando se eu acho justo usar o dinheiro do Corinthians para 12 torcedores que estão lá. Eu não posso custear advogados para torcedores, senão daqui a pouco qualquer torcedor que sofrer uma ação ligada a um jogo de futebol, o Corinthians vai ter que arcar com essa despesa, e isso o clube não pode fazer, o estatuto não permite. Fui a Brasília, falei com os dois ministros, me posicionei, fui contundente. E fui criticado, questionado sobre se o dinheiro da passagem [de avião] era do Corinthians.

Cogitou abandonar o torneio?

Não, mas aqui dentro foi falado isso. Afinal, que vantagem eu levaria se jogasse com portões fechados, se minha vantagem é a arrecadação em casa? Ficou apenas na cogitação mesmo.

O clube ofereceu dinheiro [US$ 200 mil, cerca de R$ 400 mil] à família de Kevin....

Ele [pai de Kevin] recusou. Na presença do embaixador, ele recusou a oferta. Portanto, o assunto se esgotou. Aguardamos 15 dias o luto passar, fomos bem tranquilos, com respeito à família, mas recusaram.

Por que tanta dificuldade para reverter a decisão judicial que impede a Caixa de pagar o Corinthians pelo patrocínio?

O Corinthians é muito grande, tem apelo forte nos meios de comunicação. As vaidades são muito grandes, o ser humano é de carne e osso, é vaidoso, é invejoso, e isto está no seio da sociedade. Tivemos reunião com a presidência da Caixa, as coisas caminham para uma solução num espaço curto de tempo. Estamos confiantes de que em breve será sanado.


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