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Paulo Vinícius Coelho

A força da grana

Muita coisa mudou, e hoje o Boca tem mais medo dos brasileiros do que os brasileiros têm do Boca

O Boca Juniors escalou meio time reserva e levou 6 a 1 do San Martín no Torneio Final da Argentina, apenas porque queria evitar um confronto contra brasileiros. Vencer o Toluca no México significaria o encontro contra o Emelec. Como perdeu, vai enfrentar o Corinthians. "Hoje, o Boca Juniors tem mais medo dos brasileiros do que os brasileiros do Boca Juniors", jura o jornalista Elias Perugino, da revista "El Gráfico", de Buenos Aires.

Há 22 anos, o cruzamento das oitavas de final também indicou Corinthians x Boca Juniors. Os corintianos tremeram lendo a notícia. O zagueiro Guinei tremeu quando entrou em campo. Batistuta ajudou a classificar os argentinos e o trauma só passou no Pacaembu, na finalíssima do ano passado.

Muita coisa mudou na América do Sul desde então. Hoje, o Corinthians arrecada R$ 120 milhões por ano pelo contrato de TV. O Boca Juniors recebe R$ 12 milhões.

O Corinthians recebe R$ 30 milhões anuais da Nike. O Boca ganha R$ 16 milhões do mesmo fornecedor de material esportivo.

A Caixa paga R$ 35 milhões por ano pela exposição de sua marca na camisa corintiana. O Banco Bilbao Vizcaya (BBVA) dá R$ 9 milhões para patrocinar os argentinos.

Esses números evidenciam a situação atual do futebol sul-americano. Pela primeira vez na história, um país, o Brasil, tem seis representantes nas oitavas de final. Na Argentina, o Corinthians é apontado como favorito, e o confronto de maior equilíbrio é São Paulo x Atlético-MG, o único entre brasileiros.

Das últimas dez edições de Libertadores, o Brasil ganhou cinco e esteve em nove finais. Em 2013, pode alcançar quatro taças consecutivas pela primeira vez na história.

A hegemonia é mais econômica do que técnica, mas tem a ver com a qualidade dos jogadores. E é agravada pelo declínio de clubes importantes de países vizinhos. O Uruguai não vence o torneio desde 1988. Na Argentina, clubes importantes decaíram. O River Plate foi para a segunda divisão há dois anos.

E mesmo o Boca contratou Carlos Bianchi com a missão de recolocá-lo em seu lugar.

O abismo econômico entre Brasil e o resto da América do Sul causa a ideia de que é proibido perder. Não é. As derrotas vão continuar acontecendo. Mais no início do que no fim do torneio. Há três semanas, dizia-se que os clubes brasileiros não acumulavam número tão baixo de pontos havia dez anos. E nunca houve tantos clubes do Brasil classificados para as oitavas de final.

Zebras não têm conta bancária, ou o Manchester United não seria eliminado pelo Basel numa temporada nem ficaria abaixo do Galatasaray na seguinte, na Champions League.

Mas hoje é muito menos provável do que há dez anos ter uma Libertadores em que um clube do Brasil não avance pelo menos até a final.


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