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Paulo Vinícius Coelho

O sobrevivente

A gestão da reforma do Maracanã é atrapalhada, do estouro do orçamento à licitação aos amigos da corte

O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes se afinam em muitas coisas, mas não podem concordar em tudo. Razão pela qual o prefeito se irrita quando escuta que o laudo da associação dos engenheiros libera a utilização do Engenhão. A prefeitura prefere a cautela.

Canja de galinha também não faz mal nenhum.

O governo do Rio pareceu menos zeloso ao se apressar em derrubar a liminar que cancelava o amistoso do Brasil contra a Inglaterra. A entrega dos laudos exigidos pela Justiça era uma parte do problema. A questão mais grave é o entulho em torno do Maracanã.

Na quinta-feira à tarde, o Rio viveu a incrível situação de ter um estádio fechado com um laudo favorável à abertura, o Engenhão. E outro aberto, apesar de uma juíza afirmar não haver laudos para mantê- -lo em funcionamento, o Maracanã.

As imagens das obras, paus, pedras e canos expostos se espalharam pelo mundo. O assistente técnico da seleção inglesa, Gary Neville, não perdeu a piada: "Não dá para jogar na praia?", perguntou.

Vexame!

Há quem ame o novo Maracanã e há os saudosos do maior do mundo. Sou pela modernidade. Indiscutível é apenas a atrapalhada gestão da reforma, do estouro do orçamento, das mudanças arquitetônicas à licitação para os amigos da corte.

Há duas décadas, o Maracanã não é mais o maior do mundo. Sua nova capacidade de 78 mil espectadores faz dele o maior do Brasil, 20 mil lugares a menos do que o Camp Nou, do Barcelona, o maior da Europa --o Azteca, no México, tem 105 mil de capacidade.

O gigantismo dos construtores de estádios públicos no Brasil deve ficar bem guardado no passado. Fotos da Copa de 1950, com andaimes nas arquibancadas, demonstram que o Brasil comemorava ter estádios gigantes, sem ligar para o fato de serem desconfortáveis e inseguros.

Nos anos 80, os palcos começaram a diminuir de tamanho sem aumentar o conforto. O discurso e as críticas também mudaram de direção. Em vez de arenas, os estádios eram chamados de poleiros.

O governo do Rio tinha a chance de fazer do Maracanã um símbolo. Não ser mais o maior, mas o melhor... o mais carismático, na cidade mais bonita, do povo mais alegre, no país do futebol mais tradicional. Nada disso seria a mais pura verdade nem seria uma deslavada mentira. Governos mais limpos fizeram campanhas mais sujas.

Em vez disso, o Rio espalhou pelo mundo seu entulho.

O novo Maracanã será um ótimo estádio e manterá seu carisma. É um sobrevivente. Hoje, a seleção jogará em casa pela 105ª vez na história depois de longos cinco anos de ausência.

E o Maraca sobreviverá à fama de maior canteiro de obras do mundo.


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