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Governo precisa integrar segurança, diz britânico

2014/16
Especialista afirma que divisão em comando aumenta riscos

FERNANDO MELLO DE BRASÍLIA

Chefe da segurança da Olimpíada de Londres e um dos maiores especialistas do mundo em grandes eventos, o policial britânico Andrew Amery tem uma dica para o Brasil: cabe ao governo federal tomar as rédeas para acabar com as divisões entre policiais e militares pelo comando da segurança da Copa e dos Jogos Olímpicos de 2016.

O Ministério da Justiça já anunciou que o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, ocupará interinamente a Secretaria de Grandes Eventos, que estava vaga após outro delegado deixar o cargo por atritos com militares.

Folha - Nos últimos meses, há uma disputa de poder entre a Polícia Federal e militares pelo controle do comando da segurança dos grandes eventos. Isso é comum?
Andrew Amery - Não foi diferente em Londres. O problema foi resolvido cerca de três anos antes das Olimpíadas e as pessoas responsáveis pela integração não mudaram desde então. A questão com polícia e exército é que as pessoas são promovidas ou indicadas para outros cargos. O ponto central agora é escolher pessoas que vão se dedicar ao tema pelos próximos anos.

Essa divisão atrapalha a segurança?
Pela minha experiência, a polícia e os militares não conseguem fazer essa integração, porque ambos têm um papel muito importante a desempenhar. É preciso pôr alguém acima deles, para sentar todos à mesa e mitigar as diferenças. Cabe ao governo essa integração. Foi o que fizemos aqui, o ministro do Interior teve esse papel e também lidou com a divisão de verbas entre as categorias.

Em seu plano de segurança, o governo brasileiro diz que os grandes eventos são oportunidade para terroristas. Como lidar com esse risco?
Vimos o quanto isso é verdade nos recentes e trágicos incidentes na maratona de Boston. O risco geral de ataques no Brasil pode ser considerado menor do que no Reino Unido, mas a presença de tantas nacionalidades no país para os maiores eventos mundiais definitivamente aumenta esse risco.
Não há tempo para reescrever o livro de segurança nas fronteiras, mas é inteligente rever todos os processos para identificar riscos. Internacionalmente, considera-se impossível ter 100% de segurança nas fronteiras, mas é importante aumentar a vigilância nos pontos de maior risco.

Que lições podem ser retiradas de Boston?
Para mim, o caso reforça a importância de trabalho comunitário para combater o terrorismo. Policiamento local, educação do público para olhar suspeitos e pacotes abandonados e reportar os casos às autoridades, são elementos fundamentais para evitar ataques.

Qual o tamanho da segurança de uma Olimpíada?
É a maior operação de paz que um país irá enfrentar. Em Londres, foram 26 esportes (serão 28 no Rio). Mais de 300 mil pessoas credenciadas, todas checadas pelo governo. Foram 205 nações competindo, todas com assuntos domésticos que vão impactar a operação de segurança. Em Londres, foram 14,5 mil policiais atuando com mais 21 mil seguranças privados e militares. No total, mais de 15 milhões de pessoas foram revistadas nos locais dos jogos e outros locais como hotéis.

Quais as lições de Londres para o Brasil?
Em Londres, a preocupação era terrorismo. No Rio, eu sugeriria olhar para segurança pessoal e taxas de crime. Porém, o risco de terrorismo irá aumentar em 2016.


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