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Edgard Alves

Contradições olímpicas

Esportes nanicos andam sobre pedras, enquanto as modalidades de sucesso passeiam sobre plumas

O ideário do movimento olímpico internacional abraça um conceito aparentemente democrático, como um guarda-chuva a proteger e estimular a prática de todos os esportes. A realidade, no entanto, parece não ser bem assim.

Pelo menos é o que mostra a sina dos esportes nanicos, ou considerados com tal, pequenos, que caminham sobre pedras, enquanto as modalidades ditas grandes, de sucesso, passeiam sobre plumas.

Em três anúncios recentes, relatados a seguir, fica evidente essa contradição ao suposto tratamento igualitário no mundo dos esportes.

No primeiro caso, uma decisão do Comitê Olímpico Internacional redistribuiu em quatro categorias para o recebimento de verbas de ajuda, de incentivo, os 28 esportes que serão disputados na Olimpíada do Rio, em 2016. Antes eram apenas três grupos, certamente menos ruim para os nanicos. Não se sabe quanto cada modalidade receberá.

Para Londres-2012, o atletismo liderou os repasses, abocanhando US$ 47 milhões (cerca de R$ 100 milhões). Ao todo, o comitê distribuirá US$ 519,6 milhões.

Os esportes mais beneficiados (aquáticos, atletismo e ginástica) estão numa ponta e, na outra, os que receberão incentivos modestos (golfe, pentatlo moderno e rúgbi). As demais modalidades ficam acomodadas em grupos intermediários.

O segundo anúncio aconteceu no palco da última Olimpíada, Londres. A UK Sport, órgão do governo que repassa dinheiro captado na loteria nacional, decidiu aumentar em 42 milhões de libras (R$ 129 milhões) o investimento geral para o ciclo Rio-2016, mas excluiu da partilha quatro esportes --handebol, vôlei, tênis de mesa e luta olímpica--, que têm poucas chances de se classificar.

Ou seja, os nanicos do Reino Unido são abandonados quando mais precisam de apoio para tentar chegar aos Jogos, e buscar desenvolvimento. Note-se que um esporte pode ser nanico num país e destaque em outro, como o vôlei, fraco na Inglaterra e fortíssimo no Brasil.

O terceiro caso, pasmem, tem o Brasil, sede da próxima Olimpíada, como protagonista. O projeto olímpico da Petrobras, alavancado pela Lei de Incentivo ao Esporte e gerido pelo Instituto Passe de Mágica, acaba de sofrer dezenas de cortes.

Foram dispensados atletas e profissionais de apoio, como técnicos, nutricionistas, fisioterapeutas, médicos e psicólogos.

O projeto foi concebido para impulsionar o boxe, a esgrima, o levantamento de peso, o remo e o taekwondo, com prioridade na formação de atletas, no fortalecimento das seleções e na infraestrutura.

Dessa forma, no esporte, todo nanico está fadado a continuar se dando mal. Além da política e do jogo de influência, audiência, popularidade, número de países praticantes e controle de doping fazem a diferença. Por isso é quase impossível virar o jogo.


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