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Salvador não estava preparada para sediar torneio, diz prefeito
Cidade, que tem sido palco de protestos, não se organizou como deveria, afirma ACM Neto
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), disse ontem que a cidade não estava pronta para receber a Copa das Confederações. A cidade receberá três jogos, entre eles Brasil e Itália, hoje, 16h, com todos os ingressos vendidos.
A capital baiana foi palco de confrontos entre policiais e manifestantes na noite de quinta-feira, com depredações e um jovem baleado.
"Não, Salvador não estava preparada. Salvador não se organizou como deveria, sobretudo no passado, para receber um evento desse porte", declarou o prefeito.
Ele assumiu o cargo em janeiro para substituir João Henrique (PP), que ficou oito anos no cargo e chegou a apoiar, de forma velada, ACM Neto no segundo turno contra Nelson Pelegrino (PT).
Em meio a questionamentos de manifestantes sobre os gastos públicos para a realização do torneio, o prefeito disse que não aceitou "o cardápio de obrigações" da Fifa.
"Os valores comprometeriam o Orçamento do município. Só com mobilidade, seriam mais de R$ 170 milhões", afirmou. "Por decisão minha, pelo momento difícil que temos, determinei um enxugamento radical e só estamos gastando o essencial."
Em seu discurso de despedida, na posse de ACM Neto, João Henrique lamentou as dificuldades financeiras da prefeitura, "a segunda com pior arrecadação per capita entre as capitais do Brasil", e disse que fez o que foi possível, inclusive para a Copa.
Ontem, o governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), no cargo desde 2007, cancelou a recepção que daria aos representantes da Fifa no Palácio da Ondina, sede do governo local.
O cancelamento ocorreu por causa dos protestos de quinta-feira.
Dois ônibus da Fifa e o hotel onde estão hospedados os seus funcionários foram apedrejados por manifestantes, que protestam contra os gastos com os grandes eventos esportivos no Brasil.
A presidente Dilma Rousseff também suspendeu uma viagem para a Bahia prevista para ontem por causa dos protestos em todo o país. Em Salvador, Dilma lançaria o Plano Safra do Semiárido. A mudança na agenda foi feita a pedido do governador. (NELSON BARROS NETO, MARCEL RIZZO, MARTÍN FERNANDEZ E SÉRGIO RANGEL)