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Paulo Vinícius Coelho

Os novos domingos

Deveria ser dia de festa. Não é. A briga da vez é pelo lugar de cada torcida nas arquibancadas

O Maracanã foi a casa da seleção brasileira em junho, no empate contra a Inglaterra e na vitória sobre a Espanha. Hoje, volta a ser o lar do futebol de clubes no Brasil. O último jogo de Campeonato Brasileiro no velho Maraca aconteceu em 5 de setembro de 2010, empate em 0 a 0 entre Flamengo e Santos. Hoje tem Fluminense x Vasco.

Deveria ser dia de festa. Não é.

A briga da vez é pelo lugar de cada torcida nas arquibancadas. Quando o Maracanã era o maior do mundo, os rubro-negros sentavam-se à esquerda das tribunas, situadas no miolo do anel superior. Os vascaínos ficavam à direita. Os tricolores sentavam-se sempre à esquerda, menos contra o Flamengo. Os botafoguenses à direita, exceto quando enfrentavam o Vasco.

Há coisas mais decisivas a se discutir no novo Maracanã. Como enchê-lo de gente toda vez que se abrirem os portões monumentais, por exemplo. Ou como dividir com os clubes a receita de tudo o que se arrecadar no estádio, bares e camarotes incluídos.

O novo Maraca sobrevive, mas sempre alguém faz um porém...

É delicioso relembrar as razões da divisão das torcidas pelos espaços populares. Mais importante entender como Fluminense e Flamengo se dividirão como clientes prioritários do novo estádio.

O histórico e brilhante jornalista João Máximo conta que não havia divisão formal dos lados das arquibancadas antes do Fla-Flu de 1951, o primeiro no Maracanã. Para revigorar o clássico entre o sexto e o sétimo colocados de 1950, o "Jornal dos Sports" criou um concurso de torcidas. O clássico e o concurso foram vencidos pelos tricolores, que se sentaram à direita das tribunas.

Os torcedores vascaínos dizem ter ocupado antes dos tricolores o espaço por terem sido campeões em 1950, no primeiro campeonato da era Maracanã. As duas explicações se complementam. O bom-senso encerraria a polêmica.

O novo estádio será ocupado por Flamengo e Fluminense. O Fla terá loja oficial do lado esquerdo, o Flu do lado direito. A divisão agora tem motivos comerciais --e justificáveis.

Seriam ainda mais justos se a receita inteira fosse rateada entre os clubes. O Flu vai explorar só 43 mil dos 78 mil lugares de sua nova casa por 35 anos. O Fla não aceita tão pouco. Assinou contrato só de seis meses por esse motivo.

Mesma razão pela qual o Atlético-MG preferiu jogar no Independência em vez do Mineirão. Não importa se Flamengo e Atlético vão ganhar mais do que ganhavam. Importa os consórcios vencedores das licitações para administrar os novos palcos ganharem muito mais. E à custa dos clubes!

O futebol brasileiro tem histórias raras, belíssimas. Mas só há uma maneira de impedir que elas fiquem restritas aos livros: olhar de forma mais moderna para o que se passa nos domingos do século 21.


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