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Estatística ainda engatinha em campo

FUTEBOL Informações são usadas desde o início do século passado, mas leitura correta de números é difícil

PAULO VINÍCIUS COELHO COLUNISTA DA FOLHA

A preparação do Corinthians para enfrentar o Criciúma hoje começou na terça-feira, um dia antes da vitória sobre o Grêmio.

Enquanto Tite dirigia o último treino antes da partida, o auxiliar Fábio Carille debruçava-se sobre vídeos relacionados ao Criciúma, informações detalhadas, estatísticas.

Duas empresas prestam serviços ao Corinthians com números sobre passes, finalizações, quantidade de saídas de jogo pela direita, pela esquerda: Footstats e SBC.

Além disso, o departamento de tecnologia tem mais cinco profissionais --o custo não passa de R$ 20 mil mensais.

"Ao estudar o Grêmio, percebemos que o Dida tem dificuldade nas bolas rasteiras. Guerrero chutou, Dida rebateu e Émerson marcou o primeiro gol assim", conta o auxiliar-técnico Cléber Xavier. "O Corinthians é de longe o clube que mais utiliza nossa ferramenta", diz José Eduardo Romanini, da Footstats.

Xavier recebe o material estatístico e os vídeos preparados pela equipe de tecnologia, coordenada por Fernando Lázaro, filho do lateral direito Zé Maria, ídolo corintiano dos anos 70 e 80. Ele é formado em administração e educação física e trabalha no clube desde 2004.

"Os três últimos técnicos, Mano, Adílson e Tite, foram os que mais usaram esse material. Mas o Tite ainda mais. Em toda preleção há pelo menos um vídeo", diz Lázaro.

A estatística começou a ser usada no futebol no início do século 20. Charles Reep foi o precursor na Inglaterra, na década de 1930. Sua história é destaque de "Os Números do Jogo", livro de Chris Anderson e David Sally (Editora Paralela, 336 páginas), que está sendo lançado no Brasil.

Reep estudou contabilidade e trabalhou na Real Força Aérea britânica. Em 1933, recebeu a visita de Charles Jones, capitão do Arsenal treinado pelo escocês Herbert Chapman. Reep uniu seu trabalho a seu prazer, a contabilidade ao futebol. O Arsenal foi tricampeão inglês até 1935 e o contador passou os 70 anos seguintes compilando dados sobre futebol.

Em seus estudos atualmente, o Corinthians descobre que uma bola cruzada que ultrapasse a cabeça de Barcos, no primeiro pau, não terá outro marcador para tirá-la da área do Grêmio --Paulo André fez 2 a 0 dessa maneira.

No Mundial, vídeos e estatísticas ajudaram Tite a determinar que Jorge Henrique poderia marcar melhor as jogadas do Chelsea pelos lados.

Entre as décadas de 1930 e 1960, Reep estudou 2.200 jogos, que foram base do artigo científico "Skill and Chance in Association Football" ("Habilidade e Sorte no Futebol"). O jornalista e escritor inglês Jonathan Wilson teve acesso a parte do material.

"Reep foi o precursor", diz Wilson. "A estatística do futebol ainda está na infância. Quase todas as informações futebolísticas são relativas, poucas são realmente absolutas, o que torna tudo muito mais complexo."

É preciso saber ler os números. "O aprendizado tornará as estatísticas muito mais decisivas nos próximos anos", afirma Wilson.

No caso do Corinthians, os números permitem a Tite dizer aos jogadores muito mais coisas do que tomar cuidado com o centroavante rival.


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