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Só 2 de 10 atletas fizeram antidoping

Exames Estudo com quase 5.000 esportistas brasileiros mostra lacunas no controle de substâncias proibidas

PAULO ROBERTO CONDE DE SÃO PAULO

A maioria dos atletas brasileiros jamais passou por um teste antidoping, ignora que é preciso informar as autoridades específicas quando recebe prescrição para tomar um medicamento restrito e nunca acessou o site da agência mundial de controle de dopagem (Wada).

Além disso, quase metade não sabe onde achar a lista de substâncias e os métodos vetados no meio esportivo.

É o que aponta estudo da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) com 4.995 inscritos para a última edição do Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte, ao qual a Folha teve acesso.

Órgão federal que se reporta ao Ministério do Esporte, a ABCD foi criada em 2011 para reger o antidoping no país --o Brasil era cobrado para criar uma agência desde que o Rio virou sede olímpica.

O estudo inquiriu inscritos nas cinco categorias do benefício, desde a base até campeões olímpicos, como Maurren Maggi, e paraolímpicos, como Alan Fonteles.

Dos quase 5.000 entrevistados, 76% afirmam que nunca foram testados em competição. O número é de 83% quando se restringe a exames em competições no Brasil.

Em controles fora de competição, hoje em dia considerados mais eficazes, o resultado é ainda mais alarmante.

Nove entre dez atletas dizem nunca ter se submetido ao procedimento, seja no Brasil seja no exterior.

Na maciça maioria, os poucos entrevistados que declaram ter passado por coletas fizeram exames de urina (87%). Só 5% contam ter passado por teste de sangue, mais eficiente e custoso --8% dizem ter feito ambos.

"O diagnóstico é preocupante. A pesquisa pode ser um marco para evoluirmos", diz Marco Aurelio Klein, diretor-executivo da ABCD.

O Brasil é um dos recordistas em atletas flagrados.

Em 2012, o país liderou em casos atletas positivos nos esportes aquáticos --sete. Neste ano, já houve um pego.

O atletismo, outro peso-pesado, teve duas ocorrências em 2013 e cinco em 2012.

A pesquisa ajuda a entender o porquê dos números.

Embora 92% dos atletas saibam que há uma lista de substâncias proibidas atualizada todo ano pela Wada, só 60% sabem onde achá-la.

Não surpreende: 66% afirmam nunca terem visitado o site da entidade --que não tem versão em português.

Ainda assim, não é desculpa. Procurado pela Folha, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) ressalvou que publica anualmente uma cartilha e a distribui às confederações.

Mas, segundo Klein, uma enquete feita pela ABCD evidenciou que apenas seis confederações do país têm um programa antidoping estruturado. Entre elas, as de atletismo e natação, justamente as com profusão de casos.

"Somos atrasados em relação à elite. O avanço só começou agora", diz Thomaz Mattos de Paiva, chefe da Conad (Comissão Nacional Antidopagem) do atletismo. Fundada em 2005, a Conad não chega a fazer mil testes por ano.

Um relatório sobre o estudo será mostrado ao COI na próxima visita do grupo de coordenação dos Jogos-16.


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