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Lúcio Ribeiro
O aviso
Como um recado de Felipão pode mudar o futebol jogado no Brasil. Mais ou menos isso
Para muitos pode ter caído na vala genérica de "frases de treinadores", mas algo dito por Felipão semana passada bateu como um recado direto no ouvido do meia Luiz Gustavo. O volante sentiu pela pré-temporada que não vai ser usado pelo Guardiola no supertime do Bayern e se meteu a fechar rápido com o Wolfsburg mesmo. Já jogou neste final de semana, na goleada do novo time pelo Alemão, e foi aplaudido de pé.
Luiz Gustavo, talvez a grande surpresa do Brasil campeão na Copa das Confederações, entendeu bem quando Felipão disse sobre a história de que, para brigar por uma vaga na Copa, jogador tem que jogar, não importa se na segunda ou na terceira divisão. Ouviu, Kaká?
O parceiro Martín Fernandez, desta Folha, estreou esperto blog sobre seleção brasileira. Em post recente, analisa as saídas de Paulinho, Neymar e Bernard para a Europa e a consequente perda de importância do futebol brasileiro jogado no Brasil na formação do time que vai tentar o hexa.
Fred, fácil dizer, é o único "brasileiro" entre os prováveis 11 da Copa. Mesmo no banco, pouca gente aqui poderia reivindicar um lugar no grupo a esta altura.
Martín discorre sobre prováveis novos concorrentes na Europa, como Fernandinho, Diego Costa, Ramires, Casemiro, todos jogadores que esboçam ótimas temporadas em times de alto nível, para encher a cabeça de Felipão de questões.
Mas e se invertêssemos a lógica, baseado em "O Recado de Felipão"? Vamos supor que a convocação para a Copa seja em maio. Na época, os Estaduais ainda repercutirão. Vá lá, a Libertadores em sua fase mata-mata.
Tome um brasileiro no ostracismo na Europa. Se Felipão avisou que quem não jogar não será convocado, vamos falar do Lucas, para deixar o Kaká em paz. No domingo, na França, Lucas foi titular novamente. Nas duas partidas, dois empates --em ambas, foi substituído. Existe mesmo a chance de ele ir para o banco do PSG, para onde foi Lavezzi no último jogo, para que Cavani pudesse jogar. Cavani substituiu Lavezzi na primeira partida. Lavezzi substituiu Pastore na segunda. Dois empates. Pode sobrar para Lucas.
Lucas é um caso. Mas e Bernard na neve? E se Paulinho for reserva nos Spurs? Oscar pode cair em desgraça com Mourinho.
Com o aviso de Felipão, pode bater um desespero "vou ficar de fora da Copa" neles todos. E tudo pode acontecer nesses quatro, cinco meses que faltam para chegar a esperada janela de inverno, que alimenta clubes brasileiros.
Num cenário em que nomes como Renato Augusto, Pato, Tardelli, Ronaldinho, Elias etc estarão por aqui jogando nas babas estaduais, brilhando em seus clubes, de um jeito bizarro já pensou o Paulistinha, o Carioquinha, o Mineirinho podendo definir o grupo que vai à Copa?
