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Juca Kfouri

O que houve com Aldo Rebelo?

O ministro parece viver num mundo distante deste país que se convencionou chamar de Brasil

NO FINAL do século passado, que foi anteontem, e no começo deste século, que foi ontem, existia um deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil, de São Paulo, chamado Aldo Rebelo.

Combativo, centrado, Rebelo presidiu, com bravura, a chamada CPI da CBF/Nike.

Sabotado pela bancada da bola --que tinha cartolas como o vascaíno Eurico Miranda, que o povo do Rio livrou, mais tarde, do Congresso, e José Rocha, ligado ao Vitória, da Bahia, até hoje deputado federal--, Rebelo não conseguiu levar até o fim a CPI. Seu trabalho, porém, subsidiou a CPI do Futebol, que corria paralelamente no Senado, e teve um resultado demolidor para a cartolagem ao revelar a podridão na CBF e em federações estaduais como a paulista e a mineira, cujos presidentes acabaram destronados.

Mais recentemente, em 2011, Rebelo surpreendeu o país como relator do novo Código Florestal ao se associar à bancada ruralista, numa aliança inusitada para um parlamentar comunista, e revoltou os ambientalistas. Agora, no entanto, como ministro do Esporte, Rebelo tem desconcertado não só os observadores da cena nacional, mas, sobretudo, os próprios membros do governo de que faz parte.

Assim foi durante os embates para a aprovação da Lei Geral da Copa, quando ele nada formulou de original e se limitou a lutar para que os acordos feitos com a Fifa e a CBF fossem aprovados, frequentemente oferecendo ao governo fatos consumados, pratos feitos nas articulações de bastidores, sem levar em conta os interesses nacionais.

A seu favor, friamente, pode-se argumentar que tratou de fazer valer, a ferro e fogo, o prometido por Lula, o combinado que não é caro nem barato.

Rebelo, de fala mansa e algumas indignações estudadas para logo retomar a toada de sertanejo curtido, alagoano que é, ao mesmo tempo em que é capaz de prometer, e não cumprir, uma política esportiva que admite faltar ao país, diz que o fim das reeleições intermináveis dos cartolas já não é mais tema de debate, pois questão resolvida, de tão deletéria.

Mas cala, cúmplice da cartolagem, quando a Associação dos Atletas pela Cidadania propõe a proibição dos mandatos sem fim nas entidades esportivas que recebem dinheiro público, como está acontecendo no Senado Federal.

Mais: chega a comparar o elefante branco que se constrói em Manaus para a Copa do Mundo, com capacidade para 44 mil torcedores, ao Teatro Amazonas, erguido em fins do século 19, símbolo da riqueza desfrutada pela região no Ciclo da Borracha, e para 700 pessoas.

E pensar que já houve até jornalista que contribuiu financeiramente para campanhas eleitorais de Rebelo, depois da CPI da CBF.

Bate uma decepção, um desânimo, um arrependimento...


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