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Cuba libera saída de atletas para o exterior e pode beneficiar Brasil
Abertura Após mais de 50 anos, governo autoriza que atletas firmem contratos profissionais
Cuba deu mais um passo em seu processo de abertura esportiva. A partir de 2014, vai permitir que atletas do país assinem contratos com clubes do exterior, recebam bônus por mérito e aumento de salário, o que era proibido havia mais de 50 anos.
Por determinação do governo do ditador Fidel Castro, a profissionalização era proibida desde a década de 60.
A mudança de conduta se deve em muito às frequentes deserções de atletas do país.
Casos de abandono de delegação viraram rotina em Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais de diversas modalidades, como vôlei, lutas, handebol e atletismo.
Atletas buscavam e eram assediados por clubes estrangeiros, já que a remuneração em Cuba era irrisória. Havia casos em que campeões olímpicos recebiam US$ 20 (cerca de R$ 45) mensais.
Quem deixava o país e assinava contrato era impedido de defender a seleção nacional. Esse tipo de represália perdurou até pouco tempo.
Há alguns meses, o governo de Cuba havia liberado boxeadores e jogadores de beisebol para atuar em nível profissional. A decisão de ontem, publicada no diário oficial "Granma", foi mais ampla.
Além de aceitar a saída de seus talentos, a ilha também vai remunerá-los melhor.
Uma nova política salarial estabelece seis categorias de rendimento baseado no desempenho dos atletas. A partir de 2014, medalhistas olímpicos ganharão 1.500 pesos mensais (R$ 140); mundiais, 1.300 pesos (R$ 120); pan-americanos, 1.200 pesos (R$ 110); e centro-americanos 1.100 (R$ 100).
Já os membros da seleção nacional de beisebol que participam do campeonato local ganharão 1.000 pesos (R$ 95).
Haverá também um pagamento adicional aos atletas e treinadores por desempenho. Ou seja, será repassado aos esportistas 80% do montante ganho em prêmios de competições internacionais (antes o valor era de 15%).
A contrapartida é que o competidor que atuar no exterior se comprometa e defender sua seleção nacional.
BRASIL
A política de inovações, que pode levar Cuba de volta à elite do esporte mundial, pode ter reflexo no Brasil.
Já um tradicional porto seguro de técnicos e desertores da ilha caribenha, o país tem intenção de receber mais atletas e técnicos cubanos com vista aos Jogos do Rio-2016.
Em fevereiro desse ano, o ministro Aldo Rebelo (Esporte) firmou um acordo com o governo de Cuba para compartilhar conhecimento.
A ideia é trazer treinadores e, em casos específicos, atletas. Todos os custos são bancados pela pasta.
A decisão de ontem vai ao encontro do convênio.
"Um clube de basquete forte já nos sondou porque tem interesse em contratar um pivô jovem, trazê-lo e aprimorá-lo", disse Ricardo Leyser, secretário nacional de esporte de alto rendimento. O Brasil tem jogadores cubanos em algumas ligas nacionais, como as de vôlei e handebol.