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Juca Kfouri

O Qatar em risco

A discussão em torno da época em que se fará a Copa de 2022 é perfumaria. O problema é a sede

QUEM LÊ esta coluna já leu que aqui se aposta que a Copa do Mundo de 2022, marcada para o Qatar, não será disputada lá. Uma aposta arriscada, mas baseada em informações e não em mera intuição, que seria uma leviandade.

A cada dia mais fica claro que o processo que escolheu, pela primeira vez, duas sedes ao mesmo tempo, a Rússia em 2018 e, depois, o Qatar, sofreu vícios insanáveis e que já produziu vítimas entre ex-cabeças coroadas na Fifa.

Joseph Blatter busca limpar a imagem da entidade, mas a limpeza não tem ido além da fachada, com alguns escolhidos como bodes expiatórios, embora inexoravelmente manchados pela corrupção.

Blatter não pode ir fundo, até o fim, porque será inevitável que sobre para ele, no mínimo por negligência. Na semana que passou, a revista "France Football", parceira da Fifa na eleição do melhor jogador do mundo, voltou a tratar da dificuldade em se fazer a Copa no Qatar, com uma capa, e reportagem em seis páginas, sob a sugestiva manchete "Le Qatar-Clysme" e o respeitável Guardian, de Londres, voltou à carga no quesito corrupção.

Blatter parece gostar da ideia de reabrir o caso e propor novo processo de escolha para 2022, já que na Rússia as coisas estão adiantadas em relação à Copa seguinte à no Brasil. E é voz corrente na Europa que nesta eventual nova escolha os Estados Unidos seriam contemplados, maneira de, também, não dar o braço a torcer para a Inglaterra.

Convém lembrar que a última Copa aconteceu na África do Sul e que as três seguintes foram entregues a outros três países de pouco controle social, embora as manifestações de junho, no Brasil, tenham mostrado à Fifa que nem sempre sai tudo como o planejado.

A Inglaterra, que teve apenas um voto, além do dela, para receber a Copa de 2018, e que está pronta para sediar o torneio amanhã, foi quem primeiro esperneou, o que poderia parecer apenas choro de perdedor. Poderia, mas as denúncias da imprensa e das autoridades inglesas, tão profundamente respaldadas pelos fatos, não param de ecoar. Será difícil para a Fifa manter a Copa num país, além do mais, frequentemente acusado de utilização de trabalho escravo, como voltou a ocorrer nos últimos dias.

O amor da entidade mundial do futebol pelas licitações para construir novos estádios, frise-se, dos quais a Inglaterra não precisa, se choca com a necessidade de transparência e lisura, sob pena de condenar o seu esporte ao mesmo flagelo que atingiu o boxe.

O COI, aos trancos e barrancos, conseguiu dar uma limpada em sua imagem, embora ainda também apenas parcial, depois do escândalo dos Jogos Olímpicos de Inverno em Salt Lake City, nos EUA, em 2002.

A Fifa ainda está longe de fazer o mesmo gol.

Custará caro manter o Qatar.


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