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Capital colombiana reage à arbitragem com raiva

Após derrota para o Brasil, torcedores choram, mas enfatizam orgulho pela seleção, que obteve melhor campanha em Copas

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

"Nããããooo!", gritou um longo coro de torcedores vestidos de amarelo e vermelho, quando o juiz anulou o gol colombiano no segundo tempo. As reclamações contra a arbitragem vinham se acumulando desde os primeiros minutos da partida.

"É assim que vocês querem ganhar a Copa? Com todos os juízes ajudando?", perguntava John Trujillo, as bochechas pintadas com as cores da bandeira colombiana, no parque la 93, na zona nobre de Bogotá, onde um dos telões foi colocado.

A raiva contra a arbitragem, que predominou durante os 90 minutos, se transformou em tristeza quando ouviu-se o apito final. Pais consolavam filhos, muitos caminhavam de mãos dadas e cabisbaixos até as paradas de ônibus ou suas casas. Como o craque James Rodríguez, alguns choravam.

Aqui e ali alguém gritava: "São heróis ou não?", ao que a multidão respondia, levantando o coro de "Colômbia, Colômbia".

Bogotá acordou vestindo as cores da seleção. Até o meio-dia, quando o comércio ficou aberto e a temperatura chegou aos 22ºC (um calorão para essa capital a 2.600 m de altura), a movimentação nas ruas foi grande.

Perto do Museu do Ouro, no centro da cidade, ambulantes vendiam a camiseta da seleção colombiana a cerca de US$ 80 (cerca de R$ 177) --um mês atrás, a reportagem da Folha comprou uma no mesmo local por US$ 25 (cerca de R$ 55).

"Valorizou, né? Nunca estivemos nas quartas, é um feito histórico. Mesmo que a gente perca hoje", disse um vendedor.

Em clima de feriado, os restaurantes e bares da chamada zona G, região boêmia e gastronômica da capital, se encheram apesar da lei seca decretada a partir das 10h da manhã.

Quando o jogo teve início, porém, a alegria começou a se dissipar. O gol de Thiago Silva coincidiu com o princípio de uma chuva fina.

Muita gente não pôde ver o tento, porque ficou presa num enorme engarrafamento que tomou as principais vias que conectam o centro aos bairros residenciais.

"Tiraram os ônibus das linhas, deixaram a gente na mão!", gritava James Luiz, homônimo do craque da seleção colombiana.

"Não vou chegar em casa a tempo", desesperava-se. Os veículos da rota do Transmilênio que se podiam ver circulando iam lotados de torcedores carregando cornetas e bandeiras.

"Sí, se puede! (sim, é possível)", foi o grito de guerra que passou a predominar na segunda parte do jogo, enquanto a temperatura desabava de vez e o desânimo ia tomando conta de quem estava desde cedo na rua.

Na praça Bolívar, local de maior aglomeração, faixas pedindo atenção aos "desplazados" misturaram-se ao furor patriótico pela seleção.

A Colômbia é o país que mais refugiados internos possui no mundo --cerca de 5 milhões de pessoas.

"Hoje nos misturamos a todo mundo, é preciso apoiar nossa equipe. Mas o futebol não pode ser desculpa para esquecer os problemas. A Copa acaba, a Colômbia segue", dizia o "desplazado" Luiz (não quis dar o sobrenome), usando uma peruca vermelha e amarela.


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