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Carta a dona Lúcia

A senhora sabe o que se passa na cabeça de um homem atingido por sapatadas de cromo alemão

Humilhados e ofendidos, aproveito o clima de consternação patriótica para me dirigir, exclusivamente, a uma só criatura: dona Lúcia, a brasileira de fé que enviou a singela cartinha de conforto ao "professor Felipão", sim, a inesquecível missiva lida pelo também professor Parreira, sob o olhar comovido de Sancho Pança, digo, fiel escudeiro Murtosa.

Por um momento, estimada Lúcia, achei que fosse uma bela sacanagem do Veríssimo, o grande cronista colorado, na tentativa de ressuscitar a Velhinha de Taubaté (1915-2005), aquela senhora que acreditava em tudo e em todos desde o governo de João Figueiredo --o general que preferia cheiro de cavalo ao cheiro do povo.

Desculpa, dona Lúcia. Cheguei também a desconfiar que fosse um texto desses marqueteiros especialistas em gerenciamento de crises. Pensei em várias bobagens também, afinal de contas, em momentos de tristeza sempre recorro ao erotismo dos desesperados para aliviar a barra. Vai ver, rapaz, essa dona Lúcia é uma bela afilhada de Balzac, que escreve essas cartinhas de cinta-liga, ali no diferenciado bairro de Higienópolis, sorvendo a sua tacinha de "poire" ao crepúsculo.

Perdoa-me pela perversão, dona Lúcia, mas a senhora, como conselheira de corações destroçados, sabe, mais do que ninguém, o que se passa pela cabeça de um homem atingido por sapatadas de cromo alemão. Não há masoquismo que explique. A cada gol, dona Lúcia, vinha também a voz histérica da musa punk Nina Hagen no meu juízo.

Não está sendo fácil, dona Lúcia, mas as suas palavras também me confortaram. Como se não bastasse aguentar o Peninha no programa "Extra-Ordinários", amiga. Ainda bem que tem o Paulo Miklos, o homem que fala línguas como o "Nheengatu" e dialetos como o "Õ Blésq Blom". A Maitê manda afetos de Dona Beija. Inté 2018.


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