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Juca Kfouri

Jornalismo é oposição

A frase de Millôr é tão imortal como ele mesmo e serve como luva para os casos do apito e do vôlei

Millôr Fernandes um dia escreveu que "Jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados".

O genial brasileiro escreveu também que "quem se curva diante dos poderosos mostra o traseiro para os oprimidos".

A lembrança sempre oportuna de suas frases desta vez se deve aos dois recentes temas que ocuparam o noticiário esportivo dos últimos dias.

O mais atual é o da bizarra discussão entre mão na bola e bola na mão, uma polêmica tão antiga como o próprio futebol e que uma mente iluminada da CBF quis enterrar simplesmente ao tentar eliminar a segunda opção, por mais que, depois de levar um pito da Fifa, procure negar a tentativa.

Os fatos conspiram contra ele, basta verificar os pênaltis marcados nos últimos jogos -típicos de bolas na mão que viraram mão nas bolas.

O pior é que não foram poucos os que embarcaram na canoa furada do diretor de arbitragem da Casa Bandida do Futebol, Sérgio Corrêa, verdadeiro cartão vermelho ao espírito crítico.

Corrêa jamais apitou um jogo importante em sua vida, ao contrário do suíço seu colega da Fifa, Massimo Busacca, que apitou em Copa do Mundo e uma final da Liga dos Campeões da Europa.

Corrêa notabilizou-se no passado por fazer oposição a Eduardo Farah na FPF até conseguir uma boquinha na CBF, com o que também abandonou a visão crítica sobre os bastidores de nosso futebol, oficial da Aeronáutica que era, para se aliar aos poderosos.

Passou até a fugir de atender telefonemas de quem gostava de alimentar com informações porque, enfim, pessoa não grata à cartolagem.

O caso do vôlei é de outra ordem.

Jornalistas que viajaram exatamente às custas da cartolagem, a convite da Federação Internacional de Vôlei, presidida por Ary Graça, endossaram as barbaridades cometidas contra a seleção de Bernardinho na fase final do Campeonato Mundial disputado na Polônia.

Candidamente avalizaram a versão da FIBV para justificar os prejuízos a absurdos impostos ao time que tinha a melhor campanha no torneio, que teve de sair de sua sede, jogar contra dois segundos colocados e sem um dia de descanso.

E olhe que tais convidados sabem que Graça imagina ser Bernardinho a fonte do repórter Lúcio de Castro, autor da denúncia que obrigou a saída do cartola da Confederação Brasileira de Vôlei, embora ainda seja influente na entidade.

Essa coisa de jornalista viajar a convite é uma praga, mas pior é o convidado aceitar o prato feito do anfitrião, mesmo que envenene a verdade.

Manter o espírito crítico, duvidar de teorias que afrontem o simples bom senso e desconfiar das versões dos poderosos não são virtudes, são obrigação, assim como não poupar as fontes em troca de informações exclusivas.

Viva Millôr!


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