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Fábio Seixas

'Erro de todos'

Prefeitura do Rio mostra desfaçatez ao falar do assassinato de uma das grandes pistas do mundo

EM SEMINÁRIO sobre os Jogos de 2016, na última segunda, Eduardo Paes classificou de "erro de todos" a situação do automobilismo no Rio.

"Erro de todos"...

Difícil definir o que mais chama a atenção na frase.

Tem um quê de desfaçatez.

Na véspera, Jacarepaguá, único autódromo do mundo a receber F-1, Indy e Mundial de moto, morreu. Fez a última corrida de sua história.

Se a promessa da Prefeitura do Rio tivesse sido cumprida, esta seria uma coluna de saudosismo, mas também de celebração: falaria da festa de inauguração de Deodoro.

Não, não é bem assim.

O "novo autódromo", na zona oeste da cidade, ainda não saiu do papel, apesar do acordo judicial firmado por Cesar Maia e a CBA lá em 2003 que rezava que o circuito só seria desativado quando um novo estivesse pronto.

Hoje, o terreno ainda é um matagal. E pior: com minas e granadas de mão não detonados, já que era usado desde os anos 50 para exercícios do Exército. É mole?

A prefeitura pode alegar que é tudo culpa da burocracia, dos impasses ambientais, do Ministério Público, do Ministério do Esporte...

Não são argumentos válidos. Nove anos é tempo suficiente para vencer esses obstáculos. Se houvesse alguma vontade política, claro -e Paes assumiu, em 2009, ciente desse pepino.

Arrependimento tardio?

Se for, é absurdo porque inútil. Homens e máquinas já estão destruindo o que sobrava doautódromo: aquele perigoso arremedo de uma das melhores pistas do mundo.

Mas não faltariam motivos para sê-lo. Tivesse dito não à sanha do COB e mandado a Olimpíada para uma área vazia do eixo Barra-Recreio-Jacarepaguá -o que não falta por lá-, a prefeitura não teria agora essa encrenca.

Por fim, embora a prefeitura -dona do ex-autódromo- seja a maior culpada por sua morte, Paes tem alguma razão em dividir o erro.

O COB erra ao sepultar um esporte em privilégio de outros. E o fato de o automobilismo não ser "olímpico" não me parece coincidência. Soa mais como maquiavelismo.

E as autoridades automobilísticas brasileiras erraram ao não brigarem mais por um patrimônio como aquele. CBA e Faerj foram ingênuas ao aceitarem a fábula de Deodoro.

Esta coluna escreveu em 2008: "Esqueça a balela de que um novo autódromo será erguido no Rio. Se a cidade tivesse vontade de ter um autódromo, não destruiria uma joia como Jacarepaguá". Até que os primeiros carros acelerem por Deodoro, mantenho o escrito.


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